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Interfaces é o título de uma coletânea de textos que discute a inserção da mulher na sociedade e que chegou à Editus – Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz – como ensaios parciais de um projeto maior, intitulado Projeto de autoria feminina (séc. XIX e XX), coordenado por Ivia Alves.
Este projeto visa a resgatar as autoras do século XIX e da primeira metade do século XX, permitindo-nos saber mais sobre o que interessava às mulheres escritoras e as estratégias escolhidas por elas para penetrar um território (o ambiente público) do qual elas eram excluídas. E, com aprovação do Conselho Editorial e dos pareceristas indicados, trazemos agora a público.
São ensaios instigantes e profundos sobre as limitações impostas à mulher, com destaque para a repressão à mulher escritora e poeta desses períodos.
O livro está dividido em três partes, mas todos os ensaios podem ser lidos independentemente uns dos outros e, com certeza, agradarão ao leitor iniciante ou acadêmico interessado em aprofundar as questões mais atuais que envolvem o posicionamento da mulher na sociedade, as relações de poder e de gênero, e como muitas escritoras discutiram e construíram um contradiscurso que confronta os padrões estabelecidos pela sociedade moderna para a mulher.
Alguns textos falam de como a produção de autoria feminina discute e denuncia as limitações impostas pela sociedade e como sua voz e escrita foram perdendo espaço na Modernidade.
Outros textos mostram como a linguagem e as imagens engendram e contagiam as pessoas a agir conforme regras predeterminadas. E, na terceira parte, são analisadas as produções de autoras silenciadas, mas não esquecidas.
Todos deixam claro como a internalização do papel e da condição da mulher aparecem despercebidamente através das artes.
O título escolhido para o livro, Interfaces, contempla os vários sentidos da contemporaneidade e articula-se com o material aqui apresentado, ao mesmo tempo em que indicia a subtração de um contra-discurso efetivamente existente e subterrâneo que percorreu toda a literatura brasileira da Modernidade, mesmo que, às vezes, seja descontínuo.
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