
Somos Todas Madalenas! Mas, afinal, quem foi Maria Madalena? Quem são as Madalenas de ontem e de hoje?
A partir dessas e de outras indagações a rede TeoMulher realizou no dia 22 de julho de 2020, de forma remota em função da pandemia da COVID-19, o evento denominado Marcha Das Madalenas.
A realização da Marcha das Madalenas se revestiu de um caráter simbólico, o número sete, que representa a totalidade, a completude entre o Divino e o Humano, caracterizada pelas então sete teólogas integrantes da rede TeoMulher.
A partir dessa simbologia outras 7 mulheres, de diversas matrizes religiosas, foram convidadas a fazerem explanações ou abordagens teológicas instigantes referentes ao tema.
Algumas questões iniciais foram levantadas: Quem foi Maria de Magdala? Como foram as atuações das mulheres no seguimento de Jesus? Como elas surgem no cristianismo a partir da bíblia, da história, da cristologia, da epistemologia, do ecumenismo e do diálogo inter-religioso?
Como diversas Madalenas presentes em diversos contextos de crenças, as convidadas a realizar as conferências no evento foram mulheres também de campos de atuação profissional diferentes e com experiências religiosas significativas.
A motivação e os objetivos da realização desse evento se deu após estudos e análises feitas previamente pela TeoMulher sobre as leituras e as interpretações sobre Maria Madalena pela teologia tradicional, ou clássica. Quase sempre as teologias partem de uma epistemologia e hermenêutica patriarcais e machistas, ofuscando esta apóstola de Jesus de Nazaré, o Cristo, resumindo-a à uma noção absolutamente nociva de prostituta.
Maria Madalena foi ocultada na história do cristianismo e, por isso a sua pessoa de suma importância no cristianismo, bem como o seu papel, a sua história encontra-se imbricado na história das mulheres. Assim, o nosso ocultamento e a nossa invisibilização em todas as áreas da sociedade é visível e presente, especialmente, no âmbito das comunidades religiosas.
Com a Maria de Magdala, a Madalena bíblica se dá, pelo fato de se destacar entre os Apóstolos. Nos evangelhos apócrifos, Pedro exercia uma certa “disputa”, pois sentia-se ameaçado por ela, uma vez que Madalena teria recebido ensinamentos privilegiados do mestre e teria compreendido melhor a sua mensagem).
Assim, a partir de uma problematização principal, algumas questões foram levadas às convidadas que tiveram liberdade para produzir o tema das suas falas. As autoras pensaram a partir de: As Madalenas de hoje são ocultadas, por quê? Os homens se sentem ameaçados por nossa visão de mundo cristão?
O apagamento “de Madalenas” na história seguir-se-á, perpetuamente, e fará com que as mulheres nas comunidades religiosas continuem condenadas e subjugadas, estando sob a ótica contínua da disputa de poder(es) hierárquicos legitimados por homens nas igrejas?
Apresentar Maria Madalena sob diversas faces e em diferentes perspectivas religiosas é o objetivo deste texto produzido a partir de hermenêuticas feministas, teológicas ou não. Participaram da organização da I Marcha das Madalenas as componentes da Rede TeoMulher em 2020: Beatriz Gross, Cássia Quelho Tavares, Ivenise Teresinha Gonzaga Santinon, Maria Cristina Furtado, Maria de Lourdes Norberto, Perla Cabral Doneda e Susana Regina Moreira.
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