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A elaboração de uma caracterização do Renascimento como período fecundo e multifacetado aparece neste livro como decisão teórica de fundo que permite situar a discussão sobre a Arte como expressão maior dessa propalada diversidade renascentista.
Será no quadro dessa discussão que reivindicarão justo destaque temas como a importância da Natureza na Arte, a exposição dos conceitos charneira como os delmitatio e Electio ou ainda a aferição da sua influência na economia interna dos textos de Francisco de Holanda.
A discussão sobre a Arte e sobre a sua natureza destacam-se, pois, como aspetos centrais deste trabalho.
Ao trazer à colação o tópico da criação artística, tema que preserva uma irrecusável atualidade, Francisco de Holanda intenta enaltecer a dimensão da interioridade, da ideia, num projeto filosófico singular que culminará naquilo a que chamámos de “Metafísica da Ideia”.
Aqui se enfatizam a importância da Teoria da Arte de Holanda, a sua relação quer com a Antiguidade clássica, quer ainda com as Teorias da Arte defendidas pelos principais tratadistas do Renascimento e do Maneirismo.
Marcam igualmente presença forte neste livro a aferição dos nexos de proximidade entre a abordagem holandiana e as conceções modernas e contemporâneas de Arte.
A Reflexão Estética Em Francisco De Holanda, estruturalmente compartimentado em três secções distintas que se apresentam sob a designação genérica de “Capítulos”.
Tais capítulos são aqui apresentados como passos de um itinerário que sugerem um trajecto ascendente, que guiará o leitor desde o substrato teórico do pensamento holandiano até às questões profundas transversalmente hauridas no espaço de um pensamento metafísico, sempre no quadro de um escrutínio que se quer filosófico, crítico, em detrimento (mas sem desvalorizar) de uma narrativa de teor eminentemente histórico-descritivo.
Donde, no primeiro Capítulo, ocupar-nos-emos do percurso que levará o nosso autor da Imitação à Ideia, denunciando imediatamente, e por si só, uma profunda influência do Renascimento, nomeadamente do Renascimento italiano.
Holanda filiar-se-á na interpretação de inspiração plotiniana de uma imitação como superação, que sobrevém numa perspectiva que toma a Natureza como natura naturans e não como natura naturata.
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