Antes de iniciar a escrita deste prefácio, não posso deixar de dizer que tal tarefa é, ao mesmo tempo, um prazer e um desafio: o desafio está em escrever algo que suscite o conjunto da obra e esteja no mesmo patamar de qualidade em que estão os textos que leitoras e leitores encontrarão aqui; o prazer está na satisfação pelo honroso convite feito pelo organizador, o meu caro professor, amigo e estimado orientador Dr. Humberto Calloni, o qual recebe o meu mais sincero agradecimento.
É a pergunta de Blaise Pascal, “Afinal que é o homem dentro da natureza?”, que orientará o texto deste Prefácio. Tal questionamento, feito no século XVII, encontra-se atual na coletânea que ora apresento, uma vez que os ensaios que aqui encontramos estão inseridos no contexto do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental – PPGEA, da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Significa afirmar que o conjunto de artigos tem o horizonte comum, direta ou indiretamente, da Educação Ambiental, onde uma das tarefas deste campo do conhecimento é pensar o ser humano em suas relações com a Natureza.
Figuramos numa contemporaneidade de crises, onde ora somos o nada e outrora o tudo; desconhecemos nosso papel na Natureza, hipostasiados pelo convívio social (econômico, político e cultural) que cada vez mais nos afasta desta; impulsionados pelo egoísmo que nos assola, negamos qualquer vestígio de altruísmo que possa existir em nossa natureza; estamos às voltas com uma infinidade de informações, de vida fugaz, efêmera, falsamente incólumes em um presenteísmo despreocupado; a cada dia conhecemos um pouco mais de tudo e um pouco menos de nós.
Parece-me evidente que os textos deste livro buscam responder insatisfações morais, porém, em um espectro que transcende a dúvida individual, semelhante a indagação secular de Pascal. Mesmo que a abordagem de cada ensaio tenha algo (muito) de si (dos seus autores e autoras), o conjunto da obra é, igual e paradoxalmente, a representação de um movimento coletivo mais amplo, ou seja, de anseios de maior representatividade em nome da coletividade.
