Esta obra foi escrita no contexto das revoltas levadas a cabo quer por estudantes, quer por trabalhadores no final da década de sessenta do século passado.
Uma das mais brilhantes e influentes ensaístas e pensadoras do século XX, Hannah Arendt viveu as grandes transformações do poder político de sua época, procurando compreender o significado histórico e mostrando como elas afetaram nosso julgamento moral e político.
Em sua obra, fundamental para entender e refletir sobre os tempos atuais, o poder e a originalidade de seu pensamento ficam evidentes em trabalhos como Sobre A Violência e A Vida Do Espírito , dois de seus textos mais importantes.
Em Sobre A Violência, Arendt faz uma análise da natureza e causas da violência na segunda metade do século XX. O ensaio foi escrito entre 1968 e 1969, datas que evocam experiências políticas cruciais como a inusitada rebelião estudantil em todo o mundo e os confrontos raciais que ela ensejou nos Estados Unidos; a Guerra do Vietnã e os movimentos de resistência e desobediência civil por ela engendrados; a glorificação da violência pelos militantes de esquerda e pelos movimentos de descolonização.
Em todos esses acontecimentos, observa-se o crescente emprego da violência nas relações políticas, aspecto que motivou essa importante reflexão teórica. Vivemos em meio a uma escalada mundial de destruição e guerras. Como compreender esse momento?
Em perspectiva histórica, Arendt reexamina a relação entre guerra e política, violência e poder. Questiona a natureza do comportamento violento, mostra as causas das suas muitas manifestações e finalmente discorda da máxima de Mao Tsé-tung “o poder se origina do cano de uma arma”, propondo, em vez disso, que “poder e violência são opostos; onde um reina absoluto, o outro está ausente”.
Para Celso Lafer, que assina o prefácio, “Arendt fez neste pequeno grande livro uma oportuna e vigorosa crítica da apologia da violência”.