Anarquismo E Formação Do Partido Comunista Do Brasil (PCB)

O objetivo do presente livro é analisar e interpretar o contexto sociopolítico em que estão inseridas as ideias anarquistas no Brasil e a gênese do Partido Comunista do Brasil (P.C.B.). O recorte temporal da pesquisa vai de 1889 até 1923.

Em 1889 aconteceu a proclamação da República e com ela surgiu uma nova concepção de relacionamento entre o cidadão e o Estado brasileiro. Em 1917 houve a Revolução Russa, fato que influenciou o movimento operário brasileiro, até então movido principalmente pelo sindicalismo revolucionário, de influência anarquista.
Em 1923 Antonio Bernardo Canellas, um antigo militante anarquista, convertido ao marxismo, influenciado pela Revolução Russa, assim como inúmeros antigos militantes libertários, foi expulso dos quadros do PCB. Consideramos sua expulsão como um importante fato que representa o desenvolvimento e relacionamento das ideologias anarquista e marxista no Brasil. Sofreu essa severa punição devido à sua postura, como representante do incipiente Partido Comunista do Brasil no IV Congresso da Internacional Comunista (IC) em 1922 e pela consequente não aceitação do partido como membro efetivo da IC naquele ano.
Dentro do referido contexto torna-se indispensável a análise sobre a influência da Revolução Russa nos meios anarquistas brasileiros, pois o advento da revolução bolchevique alterou o desenvolvimento e trajetória das lutas sociais no Brasil.
A Revolução Russa despertou euforia nos grupos libertários que militavam no movimento operário brasileiro. A criação do PCB tornou-se um processo singular, pois foi o primeiro partido comunista criado por anarquistas influenciados pela revolução bolchevique. Segundo Astrojildo Pereira, foram nove os fundadores do PCB, presentes no congresso de fundação do partido em 25 de março de 1922. Desse grupo, sete eram ex-militantes libertários.
Muitos historiadores brasileiros têm cometido o erro de considerar a trajetória política do PCB um mero reflexo das diretrizes políticas da IC e consequentemente de Moscou. Tais análises historiográficas cometem o erro, a meu ver, de não compreender o fecundo contexto social, político e cultural brasileiro no qual forças políticas e atores históricos atuaram com suas próprias motivações e desenvolveram ricas trajetórias na luta por seus objetivos políticos e sociais. A vida partidária, que sobreviveu à longa clandestinidade e a períodos de forte repressão, não pode ser analisada como um simples reflexo das diretrizes moscovitas. O surgimento do PCB tornou-se um processo original, com características próprias. E em seus primeiros tempos de vida, tal fato tornou-se um obstáculo para a aceitação do partido pela IC.

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O objetivo do presente livro é analisar e interpretar o contexto sociopolítico em que estão inseridas as ideias anarquistas no Brasil e a gênese do Partido Comunista do Brasil (P.C.B.). O recorte temporal da pesquisa vai de 1889 até 1923. Em 1889 aconteceu a proclamação da República e com ela surgiu uma nova concepção de relacionamento entre o cidadão e o Estado brasileiro. Em 1917 houve a Revolução Russa, fato que influenciou o movimento operário brasileiro, até então movido principalmente pelo sindicalismo revolucionário, de influência anarquista.
Em 1923 Antonio Bernardo Canellas, um antigo militante anarquista, convertido ao marxismo, influenciado pela Revolução Russa, assim como inúmeros antigos militantes libertários, foi expulso dos quadros do PCB. Consideramos sua expulsão como um importante fato que representa o desenvolvimento e relacionamento das ideologias anarquista e marxista no Brasil. Sofreu essa severa punição devido à sua postura, como representante do incipiente Partido Comunista do Brasil no IV Congresso da Internacional Comunista (IC) em 1922 e pela consequente não aceitação do partido como membro efetivo da IC naquele ano.
Dentro do referido contexto torna-se indispensável a análise sobre a influência da Revolução Russa nos meios anarquistas brasileiros, pois o advento da revolução bolchevique alterou o desenvolvimento e trajetória das lutas sociais no Brasil.
A Revolução Russa despertou euforia nos grupos libertários que militavam no movimento operário brasileiro. A criação do PCB tornou-se um processo singular, pois foi o primeiro partido comunista criado por anarquistas influenciados pela revolução bolchevique. Segundo Astrojildo Pereira, foram nove os fundadores do PCB, presentes no congresso de fundação do partido em 25 de março de 1922. Desse grupo, sete eram ex-militantes libertários.
Muitos historiadores brasileiros têm cometido o erro de considerar a trajetória política do PCB um mero reflexo das diretrizes políticas da IC e consequentemente de Moscou. Tais análises historiográficas cometem o erro, a meu ver, de não compreender o fecundo contexto social, político e cultural brasileiro no qual forças políticas e atores históricos atuaram com suas próprias motivações e desenvolveram ricas trajetórias na luta por seus objetivos políticos e sociais. A vida partidária, que sobreviveu à longa clandestinidade e a períodos de forte repressão, não pode ser analisada como um simples reflexo das diretrizes moscovitas. O surgimento do PCB tornou-se um processo original, com características próprias. E em seus primeiros tempos de vida, tal fato tornou-se um obstáculo para a aceitação do partido pela IC.

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