Maus Samaritanos
é mais um livro do jovem e proeminente economista heterodoxo do desenvolvimento econômico Ha-Joon Chang. Ele nasceu na Coréia do Sul, mas está radicado na Inglaterra há bastante tempo. É professor da Universidade de Cambridge desde 1990.
O livro Maus Samaritanos é dividido em nove capítulos e um epílogo e apresenta uma abordagem crítica à teoria econômica heterodoxa. Ha-Joon desenvolve várias analogias ao longo do texto, tentando esclarecer suas críticas.
Algumas delas são bastante interessantes, como a que faz em relação ao desenvolvimento de seu filho Jin-Gyu, que tinha seis anos quando da publicação original do livro em inglês, em 2006, e a proteção necessária à indústria nascente nos países em desenvolvimento.
Ele diz que se a legislação permitisse, poderia mandar seu filho para o mercado de trabalho, mas com isso, ele estaria fadado a ter eternamente subempregos. Seria muito difícil conseguir se tornar um médico ou um físico nuclear, por exemplo. Para que isso fosse possível, ele teria que proteger e investir na educação de seu filho por no mínimo mais doze anos.
O mesmo ocorre com a indústria nascente: se ela é exposta rapidamente ao livre-comércio, posição defendida pelos economistas neoliberais, muito provavelmente não irá conseguir sobreviver, porque, assim como seu filho, precisa de um tempo para conseguir trabalhar com tecnologias avançadas e construir organizações eficientes.
O autor observa que é errado inserir o seu filho no mercado de trabalho com seis anos, expondo-o precocemente à concorrência, mas também é errado subsidiá-lo até os quarenta anos. Isso tem que ser feito somente até o momento em que ele consiga ter a capacitação necessária para obter um emprego satisfatório. O mesmo funciona em relação às empresas, que não podem ser subsidiadas e protegidas eternamente.
O que todos devem estar se perguntando é quem seriam os Maus Samaritanos e por que são assim chamados? Ha-Joon retirou a ideia do nome de seu livro de uma parábola da Bíblia, sobre um homem que foi roubado na estrada e recebeu ajuda de um “Bom Samaritano”.
Os Samaritanos eram vistos como pessoas que tentavam tirar vantagens dos indivíduos que tinham algum problema. No prefácio da versão em inglês do livro, o autor esclarece que chama de Maus Samaritanos os países ricos que indicam, hoje, políticas neoliberais como a defesa de livre mercado e livre comércio, para os países pobres, tentando evitar que eles sejam no futuro seus possíveis concorrentes.
Demonstra que esses países ricos não fizeram no passado o que hoje recomendam, quando sua indústria ainda estava se desenvolvendo. Ele diz também que o que mais o intriga é saber que muitos desses Maus Samaritanos não percebem que estão fazendo recomendações ruins para as economias dos países pobres.
Segundo ele, a história do sucesso do capitalismo foi reescrita tantas vezes, de tal forma que muitos economistas dos países ricos não conseguem mais perceber o erro de se recomendar livre comércio e livre mercado para os países em desenvolvimento.
Como ele mesmo diz, alguns desses Maus Samaritanos têm uma crença honesta, porém equivocada, de que esta é a verdadeira receita de sucesso que seus países utilizaram no passado para se tornar ricos. Para sua surpresa, até mesmo seu país, a Coréia do Sul, faz essas recomendações para outros países…
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