A Imaginação Simbólica

Gilbert Durand - A Imaginação Simbólica

Chegamos à Imaginação Simbólica propriamente dita quando o significado não é de modo algum apresentável e o signo só pode referir-se a um sentido e não a uma coisa sensível.

Tal modo de conhecimento nunca adequado, nunca objetivo, dado que nunca atinge um objeto e se pretende sempre essencial porque se basta a si próprio e que traz em si mesmo, de modo escandaloso, a mensagem imanente de uma transcendência, nunca explícita mas sempre ambígua e geralmente redundante, verá, ao longo da História, numerosas ações religiosas ou filosóficas levantarem-se contra ele.

Este conflito será analisado sucintamente em A Imaginação Simbólica. Mas, depois de se verificar que apesar da ofensiva de toda uma civilização, o símbolo está de boa saúde e que a própria abordagem do pensamento ocidental contemporâneo deve, de boa ou má vontade, sob pena de alienação, encarar melodicamente o fato simbólico, serão igualmente tratados na obra a realidade simbólica e os métodos da simbologia.

Segundo Durand, a consciência humana dispõe de duas formas básicas de apreensão  da realidade. Uma forma direta na qual a realidade emerge ao espírito como uma percepção ou uma simples sensação.

E, outra forma, indireta, na qual a realidade não pode se apresentar imediatamente à sensibilidade, e é então representada por uma imagem.

Um exemplo do primeiro modo de apreensão da realidade, de forma direta, é a representação de uma casa. Já, a casa de nossa infância, só se torna acessível como realidade, através de uma representação indireta, através da construção de uma imagem desta casa.

Entre estes dois modos de representar a realidade há uma gradação que segue da total adequação de uma presença perceptiva (uma casa) a uma total inadequação de um signo eternamente viúvo de significado (a casa da infância).

Esta condição de representação da realidade, por um modo indireto, se dá através do símbolo (um signo eternamente viúvo de significado).

As representações indiretas compõem, conforme Durand, a imaginação simbólica, e esta pode se expressar através de alegorias, emblemas, narrativas alegóricas (apólogos), mitos, parábolas.

O símbolo, neste sentido, é uma epifania, isto é, uma aparição através do e no significante, daquilo que é indizível (a casa de nossa infância). Assim, a imaginação simbólica tem sua predileção pelo indizível sob todas as suas formas, seja como inconsciente, sobrenatural ou surreal.

Por não poder ser confirmado pela realidade concreta daquilo que representa, o símbolo é válido por si mesmo. Não podendo figurar o in-figurável, o transcendente, a imagem simbólica é uma transfiguração de uma representação concreta (o significante) através de um sentido para sempre abstrato (o significado).

O símbolo (como signo do transcendente) é, pois, uma representação que faz aparecer um sentido secreto, é a epifania de um mistério.

 

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Gilbert Durand – A Imaginação Simbólica

Chegamos à Imaginação Simbólica propriamente dita quando o significado não é de modo algum apresentável e o signo só pode referir-se a um sentido e não a uma coisa sensível.

Tal modo de conhecimento nunca adequado, nunca objetivo, dado que nunca atinge um objeto e se pretende sempre essencial porque se basta a si próprio e que traz em si mesmo, de modo escandaloso, a mensagem imanente de uma transcendência, nunca explícita mas sempre ambígua e geralmente redundante, verá, ao longo da História, numerosas ações religiosas ou filosóficas levantarem-se contra ele.

Este conflito será analisado sucintamente em A Imaginação Simbólica. Mas, depois de se verificar que apesar da ofensiva de toda uma civilização, o símbolo está de boa saúde e que a própria abordagem do pensamento ocidental contemporâneo deve, de boa ou má vontade, sob pena de alienação, encarar melodicamente o fato simbólico, serão igualmente tratados na obra a realidade simbólica e os métodos da simbologia.

Segundo Durand, a consciência humana dispõe de duas formas básicas de apreensão  da realidade. Uma forma direta na qual a realidade emerge ao espírito como uma percepção ou uma simples sensação.

E, outra forma, indireta, na qual a realidade não pode se apresentar imediatamente à sensibilidade, e é então representada por uma imagem.

Um exemplo do primeiro modo de apreensão da realidade, de forma direta, é a representação de uma casa. Já, a casa de nossa infância, só se torna acessível como realidade, através de uma representação indireta, através da construção de uma imagem desta casa.

Entre estes dois modos de representar a realidade há uma gradação que segue da total adequação de uma presença perceptiva (uma casa) a uma total inadequação de um signo eternamente viúvo de significado (a casa da infância).

Esta condição de representação da realidade, por um modo indireto, se dá através do símbolo (um signo eternamente viúvo de significado).

As representações indiretas compõem, conforme Durand, a imaginação simbólica, e esta pode se expressar através de alegorias, emblemas, narrativas alegóricas (apólogos), mitos, parábolas.

O símbolo, neste sentido, é uma epifania, isto é, uma aparição através do e no significante, daquilo que é indizível (a casa de nossa infância). Assim, a imaginação simbólica tem sua predileção pelo indizível sob todas as suas formas, seja como inconsciente, sobrenatural ou surreal.

Por não poder ser confirmado pela realidade concreta daquilo que representa, o símbolo é válido por si mesmo. Não podendo figurar o in-figurável, o transcendente, a imagem simbólica é uma transfiguração de uma representação concreta (o significante) através de um sentido para sempre abstrato (o significado).

O símbolo (como signo do transcendente) é, pois, uma representação que faz aparecer um sentido secreto, é a epifania de um mistério.

 

https://livrandante.com.br/contribuicao/caneca-lendo-na-arvore-borda-alca-colorida/

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