Geraldo Edson De Andrade & Raul Mendes Silva – Modernismo No Brasil
Este 3º volume da História da arte no Brasil é dedicado ao Modernismo, desde seus inícios (mesmo antes da Semana de 1922) até seu virtual desaparecimento. Tendo assimilado o nacionalismo e seu viés político, transformou-se em movimento social poderoso. Os grandes nomes do Modernismo nas artes visuais permanecem entre os maiores de toda a história da arte no Brasil.
As duas primeiras décadas do século XX vinham criando entre os intelectuais a insatisfação com os rumos da arte brasileira, amarrada à tradição acadêmica. A Escola Nacional de Belas Artes, que em 1890 sucedera à Academia Imperial, parecia não ter resultado numa efetiva renovação do ensino das artes visuais no Brasil, apesar das tentativas do primeiro diretor do período republicano, Rodolfo Bernardelli. Os tempos haviam mudado e uma camada mais ampla da população tinha acesso às novidades do exterior.
As elites brasileiras viajavam muito, sobretudo a Paris, e verificavam o descompasso entre as artes européias e a atitude dos artistas nacionais. A República Velha continuava governando a partir do Rio de Janeiro, como havia acontecido durante o Império. Os rumos da economia, porém, tinham sido atrelados à exportação do café e ao desenvolvimento das exportações de outros produtos. O eixo econômico havia-se deslocado da depauperada ex-capital do Império para a futura “locomotiva” econômica do país, São Paulo.
A imigração europeia e asiática trazia vastos contingentes de trabalhadores politizados, muitos deles anarquistas e socialistas, que saíam de seus países para tentar a utopia e a sorte no Novo Continente, que lhes parecia a “Terra da Promissão”. Não podemos esquecer que a Europa, assolada por guerras contínuas e ditaduras, tornara-se um barril de pólvora pronto a explodir a qualquer momento – como aconteceu na Primeira Guerra (1914- 18). “… Não há condições de entender o advento do modernismo brasileiro sem se referir à sua capital, São Paulo. A cidade recebe a maior riqueza do país, o café, cultivado sobretudo no interior do Estado e remetido ao porto mais próximo, Santos. Para dar conta do ímpeto monocultor, o governo estimula a imigração no início do século. Forma-se o mosaico de povos: italianos, portugueses, espanhóis, alemães, austríacos, eslavos, sírio-libaneses, japoneses…São Paulo desbanca definitivamente o Rio. Nesse momento, vanguarda artística coincide com vanguarda econômica, modernização, com modernismo.