
Georg Simmel é um dos maiores teóricos que emergiu na filosofia e nas ciências sociais alemãs na passagem do século XIX para o XX. Escrita em 1917, no final da vida de seu autor, essa obra tem o objetivo de oferecer ao público um texto curto e exemplar a respeito de problemas que ocupam a sociologia desde a sua fundação: a relação entre indivíduos e sociedade e os fatores que tornam possível a vida social. Questões Fundamentais Da Sociologia, primeira obra integral de sua autoria a ser publicada no Brasil e também conhecida como “pequena Sociologia” (por contraste com a “grande Sociologia”, de 1908, em dois volumes)
A tarefa de apontar diretrizes para a ciência da sociologia encontra a primeira dificuldade em sua pretensão ao título de ciência, uma vez que essa pretensão não está, de maneira alguma, isenta de controvérsias. Mesmo quando o título lhe é atribuído, dissemina-se, a respeito de seu conteúdo e seus objetivos, um caos de opiniões cujas contradições e pontos obscuros sempre alimentam a dúvida para saber se a sociologia tem a ver com um questionamento cientificamente legítimo.
A falta de uma definição indiscutível e segura poderia ser contornada se ao menos existisse um conjunto de problemas singulares, que, deixados de lado por outras ciências, ou por estas ainda não esgotados, tivesse o fato ou o conceito de “sociedade” como um elemento a partir do qual tais problemas possuíssem um ponto nodal em comum.
Se esses problemas singulares fossem tão diversos em seus outros conteúdos, direcionamentos e encaminhamentos a ponto de não se poder tratá-los adequadamente como uma ciência unificada, o conceito de sociologia lhes propiciaria uma pousada provisória. Assim, ao menos ficaria evidentemente estabelecido onde deveriam ser procurados — do mesmo modo como o conceito de “técnica” é perfeitamente legítimo para um domínio gigantesco de tarefas que, sob esse nome, partilham entre si um traço comum, sem que todavia o conceito possa ser de muito auxílio na compreensão e solução de problemas específicos.
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