
Estudos De Bebês E Diálogos Com A Sociologia é resultado de pesquisas que venho realizando desde 2009 com algumas ações realizadas na UFSCar e outras, na UNICAMP, já na condição de professora integrante do Programa de Pós-Graduação em Educação. Desde o meu doutorado, orientado pela profa. Anete Abramowicz, tenho buscado estabelecer relações possíveis entre a Sociologia e o Estudo de Bebês. Nesse percurso, diversos interlocutores se uniram a esta tarefa e participaram de modos distintos dos projetos de pesquisa desenvolvidos nesse período.
Assim, Estudos De Bebês E Diálogos Com A Sociologia reúne um conjunto de textos escritos por mim, por alunos e alunas que eu orientei desde que ingressei na UNICAMP como docente do Departamento de Ciências Sociais na Educação e membro do quadro efetivo de docentes vinculados ao Programa de Pós-Graduação da UNICAMP. Reúne, ainda, textos de colegas, parceiros e interlocutores importantes nesse processo, e apresenta alguns debates que temos feito no âmbito do projeto de pesquisa atualmente em vigor sob minha coordenação.
Mas… Estudos de Bebês e diálogos com a Sociologia????? Em outros tempos (e, para muitos, ainda hoje), este seria um título bastante inusitado, na medida em que a Sociologia nunca foi reconhecida como uma ciência que tenha se ocupado dos bebês. De fato. Os bebês, tradicionalmente, são estudados pela medicina, pela saúde pública, psicologia e pela neuropsiquiatria. O interesse pelos bebês no campo da educação é mais recente, e isso ocorre após a aprovação da LDB, que estabeleceu as creches como primeira etapa da educação.
No campo das Ciências Sociais, alguns debates desenvolvidos, sobretudo ao longo do século XX, foram construindo as bases para o que se configurou como uma Sociologia da Infância.
Nesse sentido, já na década de 1940, o jovem Florestan Fernandes desenvolvia, no Brasil, pesquisas sobre o folclore e os grupos infantis e seu papel na mudança social. Os textos produzidos por Fernandes no final de sua graduação em Ciências Sociais, sob a orientação do prof. Roger Bastide, foram reunidos e publicados em 1962 em um livro intitulado Folclore e mudança social, que inclui um capítulo bastante conhecido entre os estudiosos da infância: “As trocinhas do Bom Retiro”.
