O livro articula pensamentos e reflexões gestados nas fronteiras que tensionam e articulam a universidade, os movimentos sociais e as políticas públicas, sejam estas geridas por setores do Estado ou por organizações da sociedade civil.
Os autores deste livro habitam estes espaços, com pertencimentos múltiplos, mas coincidem em seu engajamento político para a construção de uma sociedade mais democrática e capaz de lidar com a diversidade das formas de existência.
Uma das marcas que atravessam os trabalhos aqui apresentados é a necessidade de articulação das diferentes lutas sociais, e que aparece nas mais diversas formas e contextos, explicitando os riscos da polarização social, os debates sobre interseccionalidade como conceito articulador ou a associação das múltiplas formas de desigualdade presentes nas ações que estão sendo discutidas, tais como pobreza, racismo, machismo, heterossexismo, etc.
Este ponto, é importante ressaltar, esteve historicamente presente nas ações e reflexões desenvolvidas pelo Grupo Nuances, que sempre apontou a importância das discussões sobre sexualidade estarem conectadas com as diversas formas de desigualdade e opressão.
Outro aspecto bastante significativo diz respeito a uma compreensão ampliada dos territórios como espaços de (des)construção identitária (em especial quando tratamos de identidades políticas que se constituem como estratégia de luta) que ganham complexidade por meio das interações nas redes sociais e por olhares atentos quanto a ocupação das cidades.
Assumir uma identidade política não necessariamente irá corresponder à complexidade que adquire cada sujeito em seus processos de subjetivação, pois isto ganha concretude como uma maneira de organização política coletiva, pautada em questões comuns e afirmando as diferenças.
As análises que incorporam saberes de campos como a Geografia traçam um panorama, ainda que recente, acerca dos modos pelos quais as múltiplas territorialidades são influenciadas e influenciam a formação do complexo, heterogêneo, fragmentado e hierarquizado espaço urbano, produzindo territórios diversos de resistência, de prazer, de luta, entre outros, que interpelam o estigma, a norma e o preconceito.