Turismo Em Foco vem a público com a chancela do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos resulta de uma parceria entre a Universidade Federal do Pará, na pessoa de Silvio Lima Figueiredo e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, representada por Francisco Fransualdo de Azevedo, Christiano Henrique da Silva Maranhão e Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega, professores que, além de capitanear a difícil tarefa de organizar a obra, contribuíram ainda com textos resultantes de suas pesquisas em diversas áreas de atuação acadêmica.
Profissionais de formações distintas – geógrafos, turismólogos, comunicadores sociais, sociólogos, economistas, administradores, dentre outros – iluminam a coletânea que traz o sugestivo título Turismo Em Foco, de amplo espectro disciplinar e temático, priorizando recortes espaciais focados nos estados do Pará e do Rio Grande do Norte.
Há ainda espaço para Silves, no estado do Amazonas, localidade conhecida na literatura especializada por experiências de turismo comunitário consideradas até então bem sucedidas.
As contribuições extrapolam os limites nacionais com três interessantes aportes de autores de Moçambique, país luso-africano, com o qual temos mantido uma tradição de colaboração acadêmica bastante frutífera, atribuída às nossas semelhanças geográficas e históricas.
Enaltecer a importância de Turismo Em Foco soa redundante neste espaço, mesmo assim é necessário fazê-lo. Passado o boom da criação dos cursos de turismo em todo o país – que atingiu o ápice de 526 unidades, em 2007 -, da multiplicação dos eventos acadêmicos, das dissertações e teses abordando a temática em diversas áreas das ciências humanas e ambientais, da publicação volumosa de livros nas décadas de 1990 e 2000, observamos um arrefecimento dos ânimos, salvo engano.
Daí a necessidade de dar profundidade, consistência e continuidade à reflexão acadêmica crítica e comprometida sobre o projeto de turismo para o Brasil, que a despeito de todos os esforços, encontra-se em colapso não anunciado e difícil de ser avaliado uma vez que os indicadores são intermitentes, desatualizados e pouco confiáveis.
Só para dar um exemplo, cifras de diferentes documentos oficiais sobre o volume do turismo doméstico no país – reconhecidamente de grande significado econômico-social – em textos publicados na internet, referentes ao ano de 2007, oscilam de aproximadamente 50 a 302 milhões de viagens, somando-se às viagens turísticas outras denominadas rotineiras.