Francis Musa Boakari & Outros – Descolonialidades E Cosmovisões
Os trinta e seis artigos da presente publicação, distribuídos em seis capítulos, hão de cumprir indubitavelmente a função de suturar lacunas, problematizar, apontar caminhos de entendimento nas discussões e debates relacionados a gênero, educação, etnia, diáspora africana, território quilombola, história da escravidão.
Os textos que compõem Descolonialidades E Cosmovisões significam, em especial, a materialização de narrativas, experiências e histórias antes silenciadas pela hegemonia de grupos dominantes.
Noutras palavras, entendo que esses frutos tão bem regados pelo CONGEAfro e a Roda Griô educam para a construção de um mundo mais justo, como também conspiram contra a injustiça, a violência, a homofobia, o machismo, o racismo, o desrespeito à diversidade e à diferença.
Pensar o mundo à luz da Descolonialidades E Cosmovisões significa, em particular, perceber e reconhecer a cultura e a história dos afrodescendentes e, consequentemente, conceber estratégias capazes de impedir a disseminação de mentalidades e práticas coloniais ou (re)colonizadoras, que se estabeleceram sob o signo da violência, do holocausto ou genocídio, da apropriação indevida de territórios invadidos, do sequestro seguido de exílio, escravização e maus tratos, que vitimaram milhões de africanos e seus descendentes na diáspora.
Mas há ainda práticas abomináveis e difíceis de se aturar, quanto infernal. Peço à atenção de todos, que recusem os discursos e as práticas abomináveis, lardeadas pela ignorância das ideias e mentalidades de alguns setores, grupos ou instituições políticas e religiosas brasileiras, que persistem em fomentar o racismo, a intolerância religiosa, o desrespeito aos valores, à cultura e à história dos afrodescendentes.
Acerca desse ódio tão venal, já me referi no livro Poesia Negra: Solano Trindade e Langston Hughes, “se alguém tem motivos para odiar “o branco” ou pessoas que compartilham o seu racismo, este alguém é o negro. Mas o ódio não nos levaria a nada, somente à brutalização dos sonhos e sentimentos”.