Os velhos e as velhas de 1968 não são os mesmos idosos e idosas de 2020. A revista Veja de 1968 também não é a mesma revista Veja de 2020. Jornalismo e velhice, no entanto, mantêm suas especificidades e peculiaridades.

A velhice, na experiência individual, segue identificada com a dor física, a solidão, a dependência, a perda de status ou de poder na escala de importância social. A velhice é a antessala da morte, tanto em 1968 como em 2020.

O jornalismo segue produzindo narrativas que cobrem o mundo da vida até a exaustão. Assim, o presente se faz ver pelo registro da atualidade que vira memória no tempo de amanhã.

O livro de Felipe Viero Kolinski Machado Mendonça combina a velhice e o jornalismo com os velhos e velhas da Veja. Porque no tempo estendido das continuidades da velhice e do jornalismo, ele recorta um pedaço de história (1968 a 2017) e mostra a trajetória do ser velho no Brasil, conforme descrito pela revista Veja.

O livro foi dissertação. Fez bonito no trato com as teorias e a interpretação dos dados. Tão bonito que mereceu outro destino: do arquivo acadêmico para a impressão cuidadosa. Os velhos da Veja que o Felipe encontrou vão em busca de novos leitores.

Felipe dedicou manhãs, tardes e noites a folhear revista por revista até completar os 50 anos de edição da Veja. Nas 2.562 edições pesquisadas, encontrou 118 reportagens cujo tema central é a velhice. Fez um quadro cronológico que, pela distribuição no tempo, informa que a velhice entrou na pauta do jornalismo de revista com mais intensidade a partir dos anos 90.

Além da frequência no tempo, o autor buscou os sentidos da velhice para a revista. Pois os sentidos dados pela maior revista de informação do país são, também, os sentidos que circulam na sociedade.