
Em Reinvenções Da Narrativa, os autores preferem seguir de perto as diferentes formas através das quais se reinventam, hoje e ontem, os modos de narrar o tempo e dar sentido às experiências.
Em vez de falar de crise da narrativa, esta obra convida o leitor a prestar atenção às reinvenções da narrativa. Nessa chave de leitura, os textos desta coletânea buscam amplificar e intensificar as diferentes configurações e texturas narrativas, com seus distintos procedimentos e implicações éticas, que emergem em nosso presente. Em lugar de nos sincronizar em um mesmo tempo, os autores convidam a nos lançar à escuta das ressonâncias de outros tempos e de outras formas.
Com origem em um encontro interdisciplinar entre história e literatura, os textos aqui reunidos buscam provocar o leitor para uma reflexão sobre a dupla historicidade, das obras e de seus horizontes de leitura, interrogando as reinvenções da narrativa ao mesmo tempo que apontam para uma também necessária reinvenção das humanidades. Assim, a leitura e a narrativa, enfim, são apresentadas como um ato de resistência, um modo de se fazer presente.
Interrogando as diversas voltas que a narrativa dá sobre si mesma, os autores não deixam de operar eles mesmos um movimento que me parece também fundamental em sua forma. Tal como as narrativas se reinventam com e contra as tradições que as formaram, o mesmo poderia (ou deveria) ser dito a respeito das disciplinas.
Mais do que um projeto, o que o leitor tem em mãos é a experimentação – ainda que já madura – de uma prática das humanidades aberta também à temporalidade de sua própria forma.
Sem perder o rigor e o refinamento, os textos recusam classificações rápidas, reivindicam diferentes cânones, os subvertem, sempre com a atenção na fatura dos textos e das imagens analisadas. Ao interrogarem as reinvenções da narrativa, não deixam de apontar igualmente para uma também necessária reinvenção das humanidades.
Ao dar ressonância às formas pelas quais as narrativas se reinventam, em sua historicidade, os autores realizam o necessário gesto, ético e cognitivo, de indicar a abertura de outros tempos para além da imagem de um presente sempre em crise, incapaz de se figurar. A leitura e a narrativa, enfim, como um ato de resistência, um modo de se fazer presente.
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