Decadência, Sobrenatural E O Além

Decadência, Sobrenatural E O Além: O objetivo deste trabalho é, portanto, demonstrar como Jean Lorrain renova os temas e motivos do fantástico romântico.

Estudar a narrativa fantástica é sempre um risco. Dependendo da abordagem que se adota, esses ou aqueles autores ficam de fora da partilha por não atenderem a algum critério deveras específico postulado por algum teórico ou crítico da literatura.

A nosso ver, uma relação a priori das características de uma narrativa fantástica poderia não apenas prejudicar seu estudo como também impedir o prazer da leitura dos textos ficcionais que, intuitivamente, qualquer pessoa, mesmo sem a esperada preparação “técnica” na compreensão e interpretação de textos literários poderia entender como pertencente à “categoria” do fantástico.

De forma geral, para haver uma narrativa com efeito de fantástico, basta que a história se passe ao menos em parte num mundo que seja como o nosso, uma realidade referencial cuja natureza das relações de causa e efeito seja justamente a mesma do nosso, mas no qual ocorre algo que contraria essa mesma natureza de relações.

Os problemas começam quanto ao nome dado a esse algo que, inicialmente, foi chamado de sobrenatural.

Por problemas terminológicos, etimológicos e até epistemológicos o uso do termo “sobrenatural” causa polêmica e discussão porque, se tratando do estudo de uma expressão artística, haveria que se considerar a existência de fenômenos sobrenaturais na realidade referencial como aqueles que dão origem a crenças, superstições e, o que mais tira o sono dos estudiosos, as religiões.

É aparentemente impensável para a maioria dos críticos e teóricos da narrativa fantástica considerar textos em que haja elementos sobrenaturais que façam parte de um sistema de crenças do autor e de seus leitores como narrativa de ficção.

Leitores crentes poderiam se sentir ofendidos com as supostas heresias e os estudiosos preferem evitar tais melindres.

Entretanto, a ficção não está nos eventos sobrenaturais propriamente ditos, mas no compromisso que o autor alegue ou não impeça ser alegado entre sua obra e a realidade referencial.

Quando José Saramago escreve O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), sua ficcionalidade não está no fato de Jesus ter ou não existido ou ter ou não realizado milagres.

Seu livro é uma narrativa de ficção simplesmente porque Saramago é o autor reconhecido de todas as peripécias pelas quais passam seus personagens nesse romance, independentemente de se basear em fontes religiosas e históricas.

Além disso, como esperar que os leitores entendam uma narrativa fantástica se o autor não jogar com seu senso de sobrenatural?

Como esperar que o leitor em geral aprecie as narrativas de ficção apenas do ponto de vista estético, como quem se alimenta apenas para avaliar o sabor de um prato sofisticadíssimo cujas nuanças de tempero somente um paladar extremamente apurado poderia distinguir?

https://iieb.org.br/wp-content/uploads/2019/02/Livro_SFX_WEB_reduzido.pdf

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A nosso ver, uma relação a priori das características de uma narrativa fantástica poderia não apenas prejudicar seu estudo como também impedir o prazer da leitura dos textos ficcionais que, intuitivamente, qualquer pessoa, mesmo sem a esperada preparação “técnica” na compreensão e interpretação de textos literários poderia entender como pertencente à “categoria” do fantástico.

De forma geral, para haver uma narrativa com efeito de fantástico, basta que a história se passe ao menos em parte num mundo que seja como o nosso, uma realidade referencial cuja natureza das relações de causa e efeito seja justamente a mesma do nosso, mas no qual ocorre algo que contraria essa mesma natureza de relações.

Os problemas começam quanto ao nome dado a esse algo que, inicialmente, foi chamado de sobrenatural.

Por problemas terminológicos, etimológicos e até epistemológicos o uso do termo “sobrenatural” causa polêmica e discussão porque, se tratando do estudo de uma expressão artística, haveria que se considerar a existência de fenômenos sobrenaturais na realidade referencial como aqueles que dão origem a crenças, superstições e, o que mais tira o sono dos estudiosos, as religiões.

É aparentemente impensável para a maioria dos críticos e teóricos da narrativa fantástica considerar textos em que haja elementos sobrenaturais que façam parte de um sistema de crenças do autor e de seus leitores como narrativa de ficção.

Leitores crentes poderiam se sentir ofendidos com as supostas heresias e os estudiosos preferem evitar tais melindres.

Entretanto, a ficção não está nos eventos sobrenaturais propriamente ditos, mas no compromisso que o autor alegue ou não impeça ser alegado entre sua obra e a realidade referencial.

Quando José Saramago escreve O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), sua ficcionalidade não está no fato de Jesus ter ou não existido ou ter ou não realizado milagres.

Seu livro é uma narrativa de ficção simplesmente porque Saramago é o autor reconhecido de todas as peripécias pelas quais passam seus personagens nesse romance, independentemente de se basear em fontes religiosas e históricas.

Além disso, como esperar que os leitores entendam uma narrativa fantástica se o autor não jogar com seu senso de sobrenatural?

Como esperar que o leitor em geral aprecie as narrativas de ficção apenas do ponto de vista estético, como quem se alimenta apenas para avaliar o sabor de um prato sofisticadíssimo cujas nuanças de tempero somente um paladar extremamente apurado poderia distinguir?

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