
O Negro No Mundo Dos Ricos é produto de pesquisa de doutorado realizada na Universidade de Brasília, com apoio do CNPq, e na University of Illinois at Urbana Champaign, com apoio da Capes.
O Negro No Mundo Dos Ricos utiliza os dados do último Censo Demográfico brasileiro para identificar padrões na desigualdade de renda entre negros e brancos no Brasil, dando ênfase ao grupo dos 1% mais ricos da população. Com isso, o trabalho pretende lançar novas luzes sobre o estudo da desigualdade racial de renda no Brasil, que tem dado enfoque a diferenças na média dos rendimentos ou na composição racial das faixas mais pobres da população.
A intenção das análises é identificar, a partir de uma série de exercícios estatísticos, o papel desempenhado, de um lado, por processos de discriminação racial e, do outro, pelas desigualdades educacionais entre negros e brancos, inclusive em termos de área de formação superior, na determinação das desigualdades observadas na composição do grupo dos ricos.
Destacando as interações entre condição racial e condição de gênero, o livro traz também um diagnóstico sobre as situações enfrentadas, especificamente, pelas mulheres negras.
O assunto é extremamente importante: riqueza é poder, um poder que define os destinos das pessoas. Mais do que simplesmente perguntar por que é tão difícil para um negro ser rico, o autor, no fundo, está preocupado em identificar quem tem poder no Brasil, o porquê desse poder ser tão concentrado e as razões para isso não ter mudado como deveria. O Negro No Mundo Dos Ricos não é apenas um livro sobre relações raciais, é um livro sobre hierarquias quase perpétuas.
Há vários tipos de igualdade desejável, uns mais, outros menos ambiciosos. As disparidades raciais são um sinal claro da falta de igualdade mais elementar, a de oportunidades: as chances de se encontrar uma negra no topo da distribuição são muito menores do que as de se encontrar um branco.
Além disso, o conjunto de negros no topo é mais pobre que o dos brancos. Em praticamente tudo que se refere a hierarquia, a população negra está em condições piores e, mesmo nos casos em que as condições iniciais são niveladas, o racismo aparece como freio que contém os negros que superam obstáculos, um peso que os impede de alçar voo.
