Justiça Poética

Justiça Poética: Palavras E Imagens Fora De Ordem pretende resgatar momentaneamente algumas dessas coisas do desaparecimento ao que se encontram condenadas.

Tudo é uma questão de estilo. Não uma questão de estilo individual – essa é uma das coisas mais ridículas ouvidas alguma vez. Tudo é uma questão de estilo, mas do estilo das coisas, do estilo do que se dá e aparece, do mundo e dos outros, etc. É nesse sentido que se deve ler a sentença de Flaubert: o estilo é uma maneira absoluta de ver as coisas – isto é, uma maneira não pessoal, ou melhor, uma maneira impessoal de ver as coisas: a maneira única, singular, em que as coisas exigem ser vistas, logo, pensadas e ditas, julgadas e expressadas.

Pensar, escrever, compor, pintar, pôr em cena, são sempre e em primeiro lugar exercícios de despersonalização, através dos quais deixamos de lado nossas idiossincrasias para dar lugar a um olhar comum. E é por isso, porque no espaço que abrimos ao fazê-lo pode vir a instalar-se, eventualmente, qualquer um e não importa quem, para entrever em parte o entrevisto por nós, que a literatura e a arte são possíveis, que a filosofia e a música são possíveis, e que, e apesar de tudo, vale a pena pensar.

O estilo, nesse sentido, exige coragem e paciência – primeiro, para esquecer de nós mesmos e nos expor ao mundo; depois, para aguardar que o real se abra na percepção e promova o movimento da imaginação; por fim, para conduzir o trabalho da forma e colocar toda a experiência em comum.

Mas o estilo, ao mesmo tempo, é sempre um salto além dos limites da experiência possível, uma transgressão do sistema da representação, e exige temeridade e resolução – há que fazer algo e você vai e faz, sem voltas. Nesse sentido pensar é uma experiência impossível, uma loucura (e o seu exercício é julgado como tal).

Os ensaios que compõem Justiça Poética: Palavras E Imagens Fora De Ordem tentam ser fiéis a esse princípio, pela sua vez problematizado nos próprios textos – porque as coisas que exigem o nosso compromisso são por vezes, também, as próprias palavras, as imagens e os gestos que utilizamos para articular e dar sentido às coisas, para retribuir a sua doação e fazer mundo.

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Pensar, escrever, compor, pintar, pôr em cena, são sempre e em primeiro lugar exercícios de despersonalização, através dos quais deixamos de lado nossas idiossincrasias para dar lugar a um olhar comum. E é por isso, porque no espaço que abrimos ao fazê-lo pode vir a instalar-se, eventualmente, qualquer um e não importa quem, para entrever em parte o entrevisto por nós, que a literatura e a arte são possíveis, que a filosofia e a música são possíveis, e que, e apesar de tudo, vale a pena pensar.

O estilo, nesse sentido, exige coragem e paciência – primeiro, para esquecer de nós mesmos e nos expor ao mundo; depois, para aguardar que o real se abra na percepção e promova o movimento da imaginação; por fim, para conduzir o trabalho da forma e colocar toda a experiência em comum.

Mas o estilo, ao mesmo tempo, é sempre um salto além dos limites da experiência possível, uma transgressão do sistema da representação, e exige temeridade e resolução – há que fazer algo e você vai e faz, sem voltas. Nesse sentido pensar é uma experiência impossível, uma loucura (e o seu exercício é julgado como tal).

Os ensaios que compõem Justiça Poética: Palavras E Imagens Fora De Ordem tentam ser fiéis a esse princípio, pela sua vez problematizado nos próprios textos – porque as coisas que exigem o nosso compromisso são por vezes, também, as próprias palavras, as imagens e os gestos que utilizamos para articular e dar sentido às coisas, para retribuir a sua doação e fazer mundo.

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