Estes textos foram publicados inicialmente no espaço chamado Geometral, que assinei, às terças-feiras, durante 6 anos, na Folha Dois, da Folha da Manhã, de Campos dos Goytacazes (RJ), e que circula pelo Norte e Noroeste Fluminenses, Búzios e Região dos Lagos, nos últimos seis anos.
No campo da arquitetura, o termo geometral designa aquilo que apresenta as dimensões, formas e posições das partes de uma obra. Assim, o título da coluna foi escolhido em vista do teor das discussões que trago aos leitores do jornal, fazendo sentido dizer que qualquer geometral, tomado em sentido metafórico, É UMA MANIFESTAÇÃO CULTURAL, seja ela superior, média ou de massa.
Não é difícil distingui-las: o rótulo cultura superior cabe a todos os produtos canonizados pela crítica erudita, como as pinturas do renascimento, as composições de Beethoven, os romances de Proust e Joyce, a arquitetura de Frank Lloyd Wright e todos os seus congêneres.
Também não é complicado identificar os produtos da cultura média: são os
Mozarts executados em ritmo de rave; as pinturas de queimadas na selva que podem ser compradas todos os domingos em feiras públicas de arte; os romances e contos de Rubem Fonseca, etc.
Já quando se tenta catalogar os produtos típicos da cultura de massa, a facilidade não é a mesma. Por quê?
Porque, antes de qualquer coisa, há um equívoco em que geralmente se incorre: o fato de a cultura fornecida pelos meios de comunicação de massa (rádio, TV, cinema) vir a ser comparada com a cultura produzida pela literatura ou pelo grande teatro, quando deveria ser relacionada com a cultura proveniente desses outros grandes meios de comunicação de massa que são a moda, os costumes alimentares, a gestualidade, etc.
O contemporâneo é híbrido, sem dúvida, mas deve-se levar sempre em conta a questão do valor (estético, comercial, midiático). Isso porque as formas culturais atravessam as classes sociais com uma intensidade e uma frequência maiores do que se costuma pensar.
Maiakovski, por exemplo, sempre acreditou que o povo podia ser um consumidor de arte de experimentação vulgarmente chamada de elite – e acreditou nisso até que a burocracia stanilista levou-o à morte. E a discussão é interminável. Este é o caminho dos meus textos e a minha grande instigação.