A Operação Lava Jato completava o primeiro aniversário. Fazia bastante barulho, mas ainda estava no começo. Para se ter uma ideia, Marcelo Odebrecht ainda não havia sido preso. Foi quando eu peguei um avião e fui a Curitiba para conhecer um procurador do qual o país começava a falar.
Ele já participara de coletivas, mas essa era a primeira vez que era o único entrevistado em um programa jornalístico.
Deltan Dallagnol me impressionou. Claro, direto, técnico. Foi quando o ouvi falar pela primeira vez a frase que depois se tornou sua marca: “Quem rouba milhões mata milhões.”
Na entrevista, ele fez a ligação entre o que era tirado dos cofres públicos e a escassez de recursos para os serviços que o Estado tem que prestar à população. Alguém pode achar que é frase de efeito. Mas é fato.
O procurador Deltan Dallagnol é um cidadão engajado na causa do combate à corrupção e um profissional com conhecimento técnico de casos de fracasso e sucesso nessa empreitada.
Na primeira entrevista, e em outras conversas que se seguiram, ele mostrou que havia estudado o que dera certo nos países bem-sucedidos na luta contra a corrupção, e como e por que outros fracassaram. Tinha uma abordagem universal do tema, mostrando comprometimento com a causa mas também uma objetividade cirúrgica de como tratar a doença.
Deltan e outros integrantes da Lava Jato me fazem lembrar alguns profissionais dedicados a buscar soluções para os males do Brasil que conheci ao longo da minha carreira. Os primeiros contatos que tive na PUC do Rio com professores que estudavam a inflação brasileira me marcaram pela objetividade técnica com que tratavam o tema.
Eles aplicavam o que tinham aprendido em estudos de caso de hiperinflação em outros países e desenvolviam ferramentas para lidar com o problema que nos atormentava. Foram os economistas da PUC que fizeram o Plano Real. Também me recordo das primeiras conversas com cientistas sociais, principalmente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), sobre políticas públicas eficientes no combate à pobreza brasileira.
Ou ainda dos especialistas que conheci em viagens à Amazônia e que, armados de informações de satélites e computadores, lutavam contra o desmatamento.
O Brasil sofre com problemas imensos, mas tem gerado as sementes que levam às soluções. Seria inútil se Deltan fosse um caso isolado, mas a força-tarefa da Lava Jato, o Ministério Público como um todo, a Polícia Federal e a Justiça Federal têm demonstrado, neste caso, contar com funcionários públicos extremamente eficientes e dedicados às missões que lhes são confiadas. O Brasil é um país de agenda repleta de tarefas difíceis.
Uma delas é o combate à corrupção.
A Luta Contra A Corrupção
- Ciências Sociais, Comunicação, Direito, História
- 5 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.