Trecos, Troços E Coisas

Trecos, Troços E Coisas - Reunindo uma série de ensaios elaborados a partir de pesquisas realizadas em diversas partes do mundo, o antropólogo britânico Daniel Miller afirma que nossos trecos, troços e coisas nos fazem na mesma medida em que são feitos por nós. Ao mesmo tempo em que propõe novos métodos de investigação da cultura material - em diálogo com os clássicos Marshall Sahlins e Mary Douglas -, Miller nos alerta para os riscos de analisar a cultura do outro segundo os valores da nossa própria cultura.


A melhor maneira para entender, transmitir e apreciar nossa humanidade é dar atenção à nossa materialidade fundamental. Assim, Daniel Miller constrói seu argumento central, com um questionamento da oposição vigente no senso comum, entre pessoa e coisa, animado e inanimado, sujeito e objeto. Sua intenção é de que o livro “possa demonstrar como e por quê uma apreciação mais profunda das coisas nos levará a uma apreciação mais profunda das pessoas”.
A palavra “treco” (stuff, na versão original), em sua obra, não tenta delimitar exatamente aquilo que seria excluído do termo: “treco é um email, uma moda, um beijo, uma folha ou uma embalagem de poliestireno”. Na verdade, Miller quer falar sobre a diversidade do que podemos chamar de treco. Ao invés de apresentar um definição, apresenta sua perspectiva sobre o estudo da cultura material, a qual ele afirma não ser mais bem-definida que treco.
Com base na interpretação de Mauss acerca dos mitos e objetos do kula, etnografado por Malinowski, destaca-se a ideia de que uma coisa dada e a obrigação de retribuí-la gera uma relação. Na teoria do dom, ou dádiva, o que importa é a circulação de coisas que criam a sociedade, ou seja, “o que chamamos de sociedade ou treco são separações artificiais vindas do mesmo processo”.
A ideia de que os trecos, de algum modo, drenam a nossa humanidade corresponde, segundo o autor, à tentativa de preservar uma visão simplista e falsa de uma humanidade pura e previamente imaculada. Ao contrário, os estudos mostram que sociedades não industriais são culturas tão materiais quanto a nossa e não correspondem ao modelo de selvagem nobre, não materialista.

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– Reunindo uma série de ensaios elaborados a partir de pesquisas realizadas em diversas partes do mundo, o antropólogo britânico Daniel Miller afirma que nossos trecos, troços e coisas nos fazem na mesma medida em que são feitos por nós. Ao mesmo tempo em que propõe novos métodos de investigação da cultura material – em diálogo com os clássicos Marshall Sahlins e Mary Douglas -, Miller nos alerta para os riscos de analisar a cultura do outro segundo os valores da nossa própria cultura.
A melhor maneira para entender, transmitir e apreciar nossa humanidade é dar atenção à nossa materialidade fundamental. Assim, Daniel Miller constrói seu argumento central, com um questionamento da oposição vigente no senso comum, entre pessoa e coisa, animado e inanimado, sujeito e objeto. Sua intenção é de que o livro “possa demonstrar como e por quê uma apreciação mais profunda das coisas nos levará a uma apreciação mais profunda das pessoas”.
A palavra “treco” (stuff, na versão original), em sua obra, não tenta delimitar exatamente aquilo que seria excluído do termo: “treco é um email, uma moda, um beijo, uma folha ou uma embalagem de poliestireno”. Na verdade, Miller quer falar sobre a diversidade do que podemos chamar de treco. Ao invés de apresentar um definição, apresenta sua perspectiva sobre o estudo da cultura material, a qual ele afirma não ser mais bem-definida que treco.
Com base na interpretação de Mauss acerca dos mitos e objetos do kula, etnografado por Malinowski, destaca-se a ideia de que uma coisa dada e a obrigação de retribuí-la gera uma relação. Na teoria do dom, ou dádiva, o que importa é a circulação de coisas que criam a sociedade, ou seja, “o que chamamos de sociedade ou treco são separações artificiais vindas do mesmo processo”.
A ideia de que os trecos, de algum modo, drenam a nossa humanidade corresponde, segundo o autor, à tentativa de preservar uma visão simplista e falsa de uma humanidade pura e previamente imaculada. Ao contrário, os estudos mostram que sociedades não industriais são culturas tão materiais quanto a nossa e não correspondem ao modelo de selvagem nobre, não materialista.

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