Como outros intérpretes contemporâneos do Brasil, Clóvis Moura lançou mão da análise marxista, mas ao contrário de outros autores, ele buscou se aprofundar sobre um assunto repleto de subterfúgios, que era a luta dos escravos contra o cativeiro.
Moura estabeleceu, através da análise dos quilombos e das numerosas insurreições escravas, uma nova interpretação da formação da sociedade brasileira.
Observou ele que a sociedade brasileira se formou através de uma contradição fundamental, senhores versus escravos, e em sendo as demais contradições decorrentes dessa, pautadas por extrema violência, aspecto central do sistema escravista.
Clóvis Moura remete ao pensamento marxista quando relaciona o negro como o sujeito histórico da sua própria transformação e quando observa que as relações de produção têm como base o racismo como elemento estrutural e estruturante no Brasil.
Portanto, da mesma forma que Marx entendia a classe operária como sujeito da revolução, e esta descoberta foi feita a partir da experiência com os movimentos sociais mais avançados de sua época, Clóvis coloca no negro o sujeito revolucionário e protagonista de sua auto-emancipação dentro de uma práxis histórica negra.
Dessa forma, Clóvis conclui que todos os movimentos que desejam mudança social são movimentos políticos apesar do fato dos seus agentes coletivos não terem total consciência disso.
Logo, esse fenômeno se apresenta pelo nível de consciência social de cada um e as propostas subsequentes para a mudança projetada, mas todos se enquadram (com maior ou menor nível de consciência social) na proposta da transformação revolucionária (ou não) da sociedade.
A quilombagem como processo sociológico ainda é uma vertente dinâmica no Brasil. Os remanescentes dos quilombos são ainda hoje uma continuidade viva das lutas que os escravos rebeldes detonaram durante o transcurso da escravidão.
Na obra reúnem-se sob a organização do professor Clóvis Moura, textos mais diversos no estudo da quilombagem numa abordagem que busca apreender essas experiências. Um convite a reinventar o projeto sócio-político- cultural, anti-racista e democrático para o Brasil.
Clóvis Steiger de Assis Moura, mais conhecido como Clóvis Moura, foi um sociólogo, jornalista, historiador e escritor brasileiro. Militou pelo Partido Comunista Brasileiro e, em 1962, na cisão do partido, migrou para o PCdoB.
Os Quilombos Na Dinâmica Social Do Brasil
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