Este é um livro de causos vividos pela Dra. Borboleta, apresentados de forma envolvente, nos convida a vivenciar com ela momentos de alegria, angustia, tristeza e raiva.
Compreendemos, talvez, o que é de fato um ato político dos mais radicais.
Quantos desses milhões de opositores da barbárie, ali no cotidiano do seu acontecer, já foram eliminados, e eles continuam a aparecer e a nascer no mais fértil dos encontros com o sofrimento com o outro, seja por que razão for, como se cuidar de si passasse pelo cuidar do outro.
Cuidar do outro é cuidar de si.
Ouvir um relato dessas vivências, sem saber que elas são de fato vidas vividas que estão ali em risco permanente, até parece ser uma historinha meio boba.
Mas, ao ver a força daquilo que efetivamente está acontecendo, aquele momento do encontro com o outro na mais lamentável vulnerabilidade e como uma nova força se produz nesse ato amoroso incondicional, nosso corpo sofre efeitos de que nada daquilo que está sendo contado é um ato piegas.
Fica em nós, na aproximação com essas histórias de vidas, narrativas de vivências corajosas, as experiências que elas possam conter, a noção da força da fraqueza e a potência do amor pelo outro.
Esse outro que nos cria, como um divino.
E, isso, permite pensarmos: de onde vem essas pessoas, do que são feitas, porque fazem isso.
Ficamos sem respostas e essas não importam. Não importam as explicações para além delas como verdadeiros acontecimentos na vida dos outros e dos outros nelas. Não importam as análises.
Importa que existem. Que nascem sem explicações, mas que estão aí nascendo aos milhões no mesmo instante que milhões são eliminados.
Dessa matéria bruta esse livro de contação de causos é feito.
Dessa matéria de vida esses causos tratam.
Borboleta é uma, é cem, é mil, é milhões.
Quase todos nós somos Borboleta.