Como se processa a ideia de revolução brasileira na última esquerda comunista – que mantinha substantiva inserção sindical e o intuito da revolução social em seu programa – e na principal facção emergida da depleção dessa última esquerda é o objeto nuclear deste livro.
Por consequência, esta pesquisa coloca em relevo os acontecimentos que culminaram na derrota completa dessa esquerda; derrota ocorrida através de uma dupla falência, id est,o seu esvaziamento teórico e, simultaneamente, a sua morte física perpetrada por uma política de genocídio implementada pela ditadura bonapartista principiada em 1964.
Neste livro é definida a figura central, quase exclusiva, de Carlos Marighella (1911-1969) no que se refere ao pensamento da esquerda de uma época, especialmente ao pensamento da facção que emerge da esquerda comunista.
Essa definição parte da constatação de que, num primeiro momento, Marighella foi a personificação das ideias hegemônicas dentro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da esquerda comunista nacional por três décadas; e, num segundo momento, o revolucionário fora o primus inter pares na reordenação tática da esquerda comunista, que é arrastada quase por completo para a luta armada contra a ditadura bonapartista.
Pela gravidade do panorama aqui exposto, se torna imprescindível o exame pelo interior da formulação da ideia de revolução social na própria esquerda comunista, sem o qual se perderia a propositura ôntica do objeto, o que resultaria em mais uma operação hermenêutica pela busca interpretativa.
Não obstante, o intento investigativo por meio da análise imanente busca manter a integridade do objeto, pelo respeito radical à sua estrutura e à sua lógica interna, isto é, pelo respeito à sua presença histórica; ou, na singular letra lukácsiana, a crítica ontológica possui a função de “despertar a consciência científica no sentido de restaurar no pensamento a realidade autêntica”, objetivando captar “todo ente na plena concretividade da forma de ser que lhe é própria”.
A crítica ontológica, ao tratar da estrutura da realidade, não toma como pressuposto a perspectiva gnosiológica, mas a própria matéria tratada. A análise imanente, por esse motivo, não tem como ponto de partida um crivo metodológico a priori, como têm, por exemplo, as teorias que almejam encaixar o objeto em algum esquema de arquétipos ou tipos ideais previamente estabelecidos. A abdicação desse crivo metodológico, ao inverso de representar uma lacuna, visa não influenciar na condução final das respostas às indagações científicas.
Suicídio Revolucionário: A Luta Armada E A Herança Da Quimérica Revolução Em Etapas
- Ciências Sociais, História
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