Contar e ouvir histórias são maneiras de existir na lembrança, compartilhando experiências de vida através das gerações. Não cremos que as pessoas algum dia deixarão de contar e ouvir histórias, pois nosso destino é viver os acontecimentos e depois transformá-los em narrativas, criar palavras e imagens, para que as histórias possam ser contadas e recontadas, agora e sempre, através dos tempos.
Somos, ao mesmo tempo, personagens e criadores das histórias, além de testemunhas de uma época. Contar e recontar as nossas histórias é uma forma de conciliarmos a experiência pessoal com o desejo de permanecer como parte de um grupo, em um dado tempo/espaço social, e de uma história maior.
Museu Da Favela: Histórias De Vida E Memória Social é um dos resultados especiais da parceria Museu da Favela e PUC-Rio, especialmente por intermédio do Núcleo Interdisciplinar de Memória, Subjetividade e Cultura – Nimesc.
A colaboração entre os dois teve início em 2011 e nasceu do interesse comum em valorizar o “desejo de memória dos habitantes do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho” e contribuir para a formação de “escutadoras e escutadores de memória”.
Trata-se de um guia original e criativo, voltado para “a formação de novos potenciais escutadores e escutadoras de memórias”, “aqueles que se dedicam a escutar as histórias de vida de outras pessoas”.
Neste guia bem cuidado, com forte suporte teórico, encontram-se extraordinários depoimentos das Mulheres Guerreiras do ano de 2013.
As autoras Cintia Carvalho, Rita de Cássia Santos e Solange Jobim e Souza (Psicologia PUC-Rio), construíram com a “estética da delicadeza” um guia afetivo, sensível, multifacetado, capaz de estimular novos projetos e experiências de memória.
O guia que se oferece ao leitor, em meu entendimento, é mais inspiração do que modelo ou manual. A rigor, ele é um convite para o trabalho com a memória em perspectiva libertária.
