
A proposta de Cultura, Política E Sociedade teve origem com a mesa redonda intitulada “A construção do conhecimento sobre capoeira angola: questões políticas e metodológicas”, que ocorreu durante o II SimpAntro (Simpósio de Antropologia do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Piauí), em junho de 2018, na cidade de Teresina.
Alguns meses após o evento, fomos ainda mais motivados a colocar o tema em pauta, ampliando tanto o escopo quanto o número de interlocutores no debate, sobretudo depois do fatídico acontecimento de oito de outubro do mesmo ano, quando mestre Moa do Katendê foi brutalmente assassinado por motivações políticas.
A morte de Mestre Moa exemplifica o cenário catastrófico para a cultura em geral, e para a cultura popular em particular, a partir da ascensão ao poder da extrema direita.
Por isso, pensamos em homenageá-lo compondo a capa desta obra com uma de suas expressivas fotos, mas, por falta de autorização de sua família, decidimos não usar sua imagem. De toda forma, fica aqui registrada nossa empatia enquanto pessoas, capoeiristas e pesquisadores.
Os capítulos reunidos em Cultura, Política E Sociedade, resultados dos trabalhos de diversos pesquisadores, analisam as transformações e significados da prática da capoeira através do tempo e do espaço.
Os textos tratam das diversas apropriações pelas quais ela tem passado e as modificações que a ela são impostas, seja pelas necessidades de adaptação a novos contextos, seja pela apropriação criativa realizada por homens e mulheres de diferentes países, que fazem da capoeira uma arte em movimento.
Em conjunto, esses trabalhos demonstram o vigor da prática da capoeira e o potencial analítico que ela apresenta quando confrontada com os diversos contextos nos quais se insere.
Os resultados das pesquisas aqui apresentadas colocam à luz as relações entre o cultural, o social e o político, através do estudo de uma prática que adquiriu, durante os séculos, significados de luta contra a opressão e a favor da liberdade.
