Este livro é uma contribuição à sociologia da juventude ao colocar em evidência como parte das novas gerações de ativistas tem se apropriado dos meios técnicos (leia-se mídia) para construir suas trajetórias, formas de sociabilidade e ação política. Para tanto, o sujeito de pesquisa utilizado é a rede do Centro de Mídia Independente (CMI) no Brasil.
Ao lado das rádios comunitárias e livres, dos vídeos populares, da imprensa alternativa, do software livre e de outras formas de apropriação de meios de comunicação pelos movimentos de contestação, o CMI constitui-se a partir da necessidade social e política de haver livre acesso à troca de informações e produção cultural e livre associação, sobretudo para construir soluções perante o monopólio dos meios de comunicação de massa.
Os estudos para a produção deste livro foram realizados no Núcleo de Pesquisa sobre a Juventude Contemporânea (Nejuc) do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina entre 2007 e 2010, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para obtenção da titulação de mestre em Sociologia Política.
O objetivo da pesquisa foi compreender e analisar criticamente a participação política na “mídia radical alternativa” a partir da década de 1990, por meio da análise das ações coletivas protagonizadas por jovens inseridos no CMI. A escolha do Centro de Mídia Independente como sujeito de pesquisa foi motivada pela minha trajetória acadêmica e política. Desde 2004 sou voluntário do CMI e de outros projetos pela democratização da mídia, que têm por princípio fazer com que os sujeitos das ações coletivas sejam sua própria mídia.
Acredito que a democratização da informação esteja fundamentalmente ligada à tomada da palavra verdadeira e do fazer político rebelde, constituintes de uma outra história contada pelos ninguéns – os filhos de ninguém e os donos de nada que Eduardo Galeano descreveu em poesia. Já os zapatistas ensinaram aos ativistas da minha geração que a rebeldia e a palavra andam de mãos dadas e caminham pela noite construindo essa outra história, da qual também me sinto parte. Essa outra história não está alicerçada na verdade cartesiana que obedece a racionalidade instrumental da eficácia, e sim na flor da palavra verdadeira, a palavra que vem do coração daqueles que lutaram e lutam por justiça, democracia, liberdade, igualdade e dignidade.
A Rebeldia Por Trás Das Lentes: O Centro De Mídia Independente No Brasil
- Ciências Sociais, Comunicação
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