Carla Milani Damião – Sobre O Declínio Da “Sinceridade”: Filosofia E Autobiografia De Jean-Jaques Rousseau A Walter Benjamin
A autobiografia tem atraído cada vez mais a atenção dos estudiosos em diversas áreas.
Antes ocupando um lugar modesto e marginal no conjunto da obra de escritores, filósofos, artistas e cientistas, passou, nas últimas décadas, a texto-chave para a avaliação dessa mesma obra ou documento inestimável de uma época e de um Zeitgeist.
Para a literatura, o gênero autobiográfico levanta instigantes questões sobre as negociações entre ficção e realidade, identidade narrador-autor e em torno do pacto que busca estabelecer com o leitor.
Carla Milani Damião, com seu livro Sobre O Declínio Da “Sinceridade”, discute um aspecto complexo da escrita autobiográfica que a crítica literária tem tratado com certa rapidez: o do compromisso com a verdade.
Se o reconhecimento do papel da linguagem e dos processos narrativos na mediação entre realidade e texto parece nos resguardar suficientemente de uma leitura ingênua, a verdade como imperativo último da empresa autobiográfica tem passado ao largo da maioria dos estudos a ela dedicados.
Ao restabelecer o exame do desempenho da sinceridade no gênero autobiográfico, análise inicialmente proposta pelo filósofo e crítico literário alemão Walter Benjamin, Sobre O Declínio Da “Sinceridade”, de Carla Milani Damião, expõe as consequências filosófico-literárias referentes à desarticulação dos pólos subjetivo e objetivo a partir do século XIX, com o avanço da modernidade tecnicista.
Fincado entre o estudo da literatura e da filosofia, Sobre O Declínio Da “Sinceridade” traça o roteiro seguido pela narrativa confessional em algumas das mais notáveis obras do que se designa autobiografia moderna, gênero que teve, como marco primeiro, As Confissões (1764-1770), do pensador iluminista franco-suíço Jean-Jacques Rousseau.
Além de Rousseau e o próprio Benjamin, há a interpretação do conteúdo autobiográfico em textos de André Gide, Friedrich Nietzsche e Marcel Proust, em capítulos separados por fotografias da Paris do início do século XX, de Eugène Atget.
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