Do Espírito Geométrico E Da Arte De Persuadir

A muitos causa surpresa saber que Pascal morreu aos trinta e nove anos. Trinta e nove anos e dois meses, para ser exato. De pesquisas sobre o vácuo à polêmica religiosa, da invenção da máquina de calcular à de circuitos de transporte público, sua obra é admirável pela variedade e consistência

, e o é ainda mais por ter-se construído em período tão curto.
Não é casual, portanto, que o adjetivo gênio frequentemente seja associado a seu nome, mesmo quando a ele não se atribuem os episódios idealizantes que se encontram em La vie de Monsieur Pascal (A vida de Pascal) de autoria de sua irmã, Gilberte Périer, e sobretudo nas Mémoire sur Pascal et sa famille )Memórias sobre Pascal e sua família), composta por sua sobrinha Marguerite Périer, como o de que, aos doze anos, teria descoberto a trigésima segunda proposição do primeiro livro dos Elementos de Euclides sem nunca antes ter estudado matemática.
Ainda em vida, Pascal alcançou o reconhecimento tanto dos círculos científicos quanto de figuras importantes de Port-Royal. Isso para não mencionar a publicação anônima das Cartas provinciais, feitas em parceria com Arnauld e Nicole, que obtiveram enorme repercussão, e o desenvolvimento da máquina de calcular, que não lhe rendeu a riqueza que esperava, mas lhe trouxe uma fama considerável quando ainda mal passara dos vinte anos de idade.
Por tudo isso, o fulgor de sua inteligência não pode ser posto em xeque, mas convém notar que sua notoriedade de fato consolidou-se apenas à medida que publicações póstumas deram a conhecer seus escritos. No dia de sua morte, cerca de dois terços do que escreveu permanecia inédito.
Entretanto, dada a amplitude de sua obra, assim como as reviravoltas em sua vida privada, é extremamente difícil elaborar uma imagem de Pascal que dê conta de todas as nuances de seu pensamento e de sua biografia.
Gilberte Périer, por exemplo, pinta seu irmão como um homem de grande força de espírito que, a partir de 1647, aos vinte e quatro anos, abandonou as “ciências humanas” para voltar-se a uma piedade centrada em duas máximas de renúncia: aos prazeres e ao supérfluo. É notório o tom edificante de La vie de Monsieur Pascal (de suas duas versões, deve-se dizer) a ponto de, em alguns momentos, soar como uma hagiografia.
Quem era de fato, porém, esse homem reconhecido pelos especialistas dos círculos científicos, admirado por religiosos com quem conviveu? De que modo é possível avaliar sua trajetória filosófica? Qual o papel da religião em sua vida? Como, enfim, mesmo que em linhas gerais, é possível caracterizar sua obra.

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A muitos causa surpresa saber que Pascal morreu aos trinta e nove anos. Trinta e nove anos e dois meses, para ser exato. De pesquisas sobre o vácuo à polêmica religiosa, da invenção da máquina de calcular à de circuitos de transporte público, sua obra é admirável pela variedade e consistência, e o é ainda mais por ter-se construído em período tão curto.
Não é casual, portanto, que o adjetivo gênio frequentemente seja associado a seu nome, mesmo quando a ele não se atribuem os episódios idealizantes que se encontram em La vie de Monsieur Pascal (A vida de Pascal) de autoria de sua irmã, Gilberte Périer, e sobretudo nas Mémoire sur Pascal et sa famille )Memórias sobre Pascal e sua família), composta por sua sobrinha Marguerite Périer, como o de que, aos doze anos, teria descoberto a trigésima segunda proposição do primeiro livro dos Elementos de Euclides sem nunca antes ter estudado matemática.
Ainda em vida, Pascal alcançou o reconhecimento tanto dos círculos científicos quanto de figuras importantes de Port-Royal. Isso para não mencionar a publicação anônima das Cartas provinciais, feitas em parceria com Arnauld e Nicole, que obtiveram enorme repercussão, e o desenvolvimento da máquina de calcular, que não lhe rendeu a riqueza que esperava, mas lhe trouxe uma fama considerável quando ainda mal passara dos vinte anos de idade.
Por tudo isso, o fulgor de sua inteligência não pode ser posto em xeque, mas convém notar que sua notoriedade de fato consolidou-se apenas à medida que publicações póstumas deram a conhecer seus escritos. No dia de sua morte, cerca de dois terços do que escreveu permanecia inédito.
Entretanto, dada a amplitude de sua obra, assim como as reviravoltas em sua vida privada, é extremamente difícil elaborar uma imagem de Pascal que dê conta de todas as nuances de seu pensamento e de sua biografia.
Gilberte Périer, por exemplo, pinta seu irmão como um homem de grande força de espírito que, a partir de 1647, aos vinte e quatro anos, abandonou as “ciências humanas” para voltar-se a uma piedade centrada em duas máximas de renúncia: aos prazeres e ao supérfluo. É notório o tom edificante de La vie de Monsieur Pascal (de suas duas versões, deve-se dizer) a ponto de, em alguns momentos, soar como uma hagiografia.
Quem era de fato, porém, esse homem reconhecido pelos especialistas dos círculos científicos, admirado por religiosos com quem conviveu? De que modo é possível avaliar sua trajetória filosófica? Qual o papel da religião em sua vida? Como, enfim, mesmo que em linhas gerais, é possível caracterizar sua obra.

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