Clarice,

Este livro, lançado originalmente em 2009, deu aos brasileiros uma nova imagem de Clarice Lispector e consagrou sua obra no exterior.
Se hoje Clarice é uma figura mítica das letras brasileiras - bela, misteriosa e brilhante -, sua vida foi recheada de percalços que a tornam mais complexa do que mostra a imagem oficial.


Ao empreender uma síntese inédita entre vida e obra de uma autora clássica, Benjamin Moser deu uma contribuição de extrema importância para a cultura brasileira.
Em 1946, a jovem escritora brasileira Clarice Lispector retornava do Rio de Janeiro para a Itália, onde seu marido servia como vice-cônsul em Nápoles.
Ela viajara ao Brasil como mensageira diplomática, levando despachos para o ministro brasileiro das Relações Exteriores, mas com as rotas habituais entre a Europa e a América do Sul bloqueadas em função da guerra, sua viagem ao reencontro do marido seguia um itinerário nada convencional.
Do Rio ela voou para Natal, dali para a base britânica na ilha Ascensão, no Atlântico Sul, em seguida para a base aérea norte-americana na Libéria, dali para as bases francesas em Rabat e Casablanca, e por fim para Roma, via Cairo e Atenas.
Antes de cada etapa ela teve algumas horas, ou dias, para espiar ao redor. No Cairo o cônsul brasileiro e sua esposa a convidaram para ir com eles a um cabaré, onde ficaram maravilhados com a exótica dança do ventre executada ao som da familiar melodia do sucesso do carnaval carioca de 1937: “Mamãe eu quero”, na voz de Carmen Miranda.
O Egito não a impressionou, conforme escreveu ao amigo Fernando Sabino:
Vi as pirâmides, a esfinge – um maometano leu minha sorte nas “areias do deserto” e disse que eu tinha coração puro… […]. Falar em esfinge, em pirâmides, em piastras, tudo isso é de um mau gosto horrível. É quase uma falta de pudor viver no Cairo. O problema é sentir alguma coisa que não esteja prevista num guia.
Clarice Lispector nunca voltou ao Egito. Mas, muitos anos depois, relembrou sua breve excursão turística, quando, nas “areias do deserto”, encarou desafiadoramente ninguém menos que a própria Esfinge.
“Não a decifrei”, escreveu a orgulhosa e bela Clarice. “Mas ela também não me decifrou.”

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Ao empreender uma síntese inédita entre vida e obra de uma autora clássica, Benjamin Moser deu uma contribuição de extrema importância para a cultura brasileira.
Em 1946, a jovem escritora brasileira Clarice Lispector retornava do Rio de Janeiro para a Itália, onde seu marido servia como vice-cônsul em Nápoles.
Ela viajara ao Brasil como mensageira diplomática, levando despachos para o ministro brasileiro das Relações Exteriores, mas com as rotas habituais entre a Europa e a América do Sul bloqueadas em função da guerra, sua viagem ao reencontro do marido seguia um itinerário nada convencional.
Do Rio ela voou para Natal, dali para a base britânica na ilha Ascensão, no Atlântico Sul, em seguida para a base aérea norte-americana na Libéria, dali para as bases francesas em Rabat e Casablanca, e por fim para Roma, via Cairo e Atenas.
Antes de cada etapa ela teve algumas horas, ou dias, para espiar ao redor. No Cairo o cônsul brasileiro e sua esposa a convidaram para ir com eles a um cabaré, onde ficaram maravilhados com a exótica dança do ventre executada ao som da familiar melodia do sucesso do carnaval carioca de 1937: “Mamãe eu quero”, na voz de Carmen Miranda.
O Egito não a impressionou, conforme escreveu ao amigo Fernando Sabino:
Vi as pirâmides, a esfinge – um maometano leu minha sorte nas “areias do deserto” e disse que eu tinha coração puro… […]. Falar em esfinge, em pirâmides, em piastras, tudo isso é de um mau gosto horrível. É quase uma falta de pudor viver no Cairo. O problema é sentir alguma coisa que não esteja prevista num guia.
Clarice Lispector nunca voltou ao Egito. Mas, muitos anos depois, relembrou sua breve excursão turística, quando, nas “areias do deserto”, encarou desafiadoramente ninguém menos que a própria Esfinge.
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