Cães De Guarda

Há temas difíceis pela sua complexidade, há outros delicados por tocarem em questões sensíveis. O tema deste livro reúne esses dois aspectos, o que torna um desafio e uma ousadia enfrentá-lo.

Complexa e sensível, a questão da censura nas duas décadas de ditadura civil-militar instalada no Brasil em 1964 exigiu de Beatriz Kushnir longa pesquisa em periódicos e documentação variada, entrevistas difíceis, nem sempre concedidas, mas sobretudo reflexão sobre a violência implícita no ato de coibir unilateralmente a expressão livre de ideias e ações políticas, sonegar informações comprometedoras, calar tudo e todos que não comungassem as posições das forças vencedoras. A censura foi considerada por um dos mais combativos participantes do governo ditatorial “imperativo reclamado pela segurança do Estado numa guerra civil não declarada”, frase significativa por justificar o AI-5, um ato imposto em dezembro de 1968. Ao elaborar a imagem da sociedade brasileira à beira da guerra civil, o coronel Jarbas Passarinho dava aos que se opunham à ditadura a dimensão de inimigo interno, e mais, de serem capazes de multiplicar seu poder de convencimento por meio da palavra, se mantida a livre expressão de pensamento. A censura se configura, pois, como um ato violento, explícito mas também insidioso, a demonstração cabal do reconhecimento da força das ideias do inimigo, o recuo para um lugar onde o debate e o conflito de opiniões cedem suas posições à violência.
Onde alicerçar conceitualmente essa posição, ao mesmo tempo de força e fraqueza, de recusa ao debate? Afinal, ao se impor o silêncio ao outro, fecha-se a porta à política, já que nem o monólogo detém poder de convencimento se permanecer falando sozinho.
Em vários de seus escritos, a pensadora Hannah Arendt enfrentou a questão da imposição ao silêncio ao afirmar que “somente a pura violência é muda, e por este motivo a violência, por si só, jamais pode ter grandeza”.

  

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Há temas difíceis pela sua complexidade, há outros delicados por tocarem em questões sensíveis. O tema deste livro reúne esses dois aspectos, o que torna um desafio e uma ousadia enfrentá-lo. Complexa e sensível, a questão da censura nas duas décadas de ditadura civil-militar instalada no Brasil em 1964 exigiu de Beatriz Kushnir longa pesquisa em periódicos e documentação variada, entrevistas difíceis, nem sempre concedidas, mas sobretudo reflexão sobre a violência implícita no ato de coibir unilateralmente a expressão livre de ideias e ações políticas, sonegar informações comprometedoras, calar tudo e todos que não comungassem as posições das forças vencedoras. A censura foi considerada por um dos mais combativos participantes do governo ditatorial “imperativo reclamado pela segurança do Estado numa guerra civil não declarada”, frase significativa por justificar o AI-5, um ato imposto em dezembro de 1968. Ao elaborar a imagem da sociedade brasileira à beira da guerra civil, o coronel Jarbas Passarinho dava aos que se opunham à ditadura a dimensão de inimigo interno, e mais, de serem capazes de multiplicar seu poder de convencimento por meio da palavra, se mantida a livre expressão de pensamento. A censura se configura, pois, como um ato violento, explícito mas também insidioso, a demonstração cabal do reconhecimento da força das ideias do inimigo, o recuo para um lugar onde o debate e o conflito de opiniões cedem suas posições à violência.
Onde alicerçar conceitualmente essa posição, ao mesmo tempo de força e fraqueza, de recusa ao debate? Afinal, ao se impor o silêncio ao outro, fecha-se a porta à política, já que nem o monólogo detém poder de convencimento se permanecer falando sozinho.
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