Sobre A Vontade Na Natureza

Arthur Schopenhauer tornou-se conhecido como o “filósofo do pessimismo”. Certamente seria ele para nós o “filósofo que chora”, caso esse epíteto já não tivesse sido atribuído anteriormente (e com bem menos razão) a Heráclito de Éfeso.

De fato, a nomenclatura é correta, pois é difícil encontrar um adjetivo melhor que “pessimista” para uma filosofia que conclui que “o mundo é o inferno e as pessoas nele são, por um lado, as almas torturadas e, por outro, os seus demônios”.
Em sua obra magna, O mundo como vontade e representação (1818), Schopenhauer pretende demonstrar que o mundo sensível, em toda sua abundância e multiplicidade, é fruto da autodilaceração contínua de uma vontade única e essencial; que a eterna luta entre os indivíduos é a maneira dessa vontade se objetivar, reduplicando-se infinitamente numa miríade de seres particulares por meio daquilo que o filósofo denomina principium individuationis.
A vontade, por sua vez, objetiva-se no mundo porque precisa “dilacerar-se a si mesma, pois não existe nada fora dela e ela é uma vontade faminta”.
Desdobrando-se no mundo da efetividade, ela “crava os dentes em sua própria carne, sem saber que fere sempre apenas a si mesma […]. O torturador e o torturado são um”.
Disso segue que a satisfação das necessidades do indivíduo, a realização dos desejos particulares, tudo isso é temporário e ilusório: para Schopenhauer, o prazer é de fato apenas um momento negativo, no qual o querer é suspenso por alguns instantes, para logo ressurgir com a mesma intensidade, embora sob outra forma.
A condição essencial de todo ente é a carência e, por consequência, o sofrimento; a realidade sensível em sua totalidade é simples aparência, objetivação de uma ânsia insaciável cuja satisfação no indivíduo é sempre somente relativa e leva apenas à transformação da necessidade, mas jamais à sua extinção: a existência “oscila como um pêndulo para lá e para cá entre a dor e o tédio”.

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Arthur Schopenhauer tornou-se conhecido como o “filósofo do pessimismo”. Certamente seria ele para nós o “filósofo que chora”, caso esse epíteto já não tivesse sido atribuído anteriormente (e com bem menos razão) a Heráclito de Éfeso. De fato, a nomenclatura é correta, pois é difícil encontrar um adjetivo melhor que “pessimista” para uma filosofia que conclui que “o mundo é o inferno e as pessoas nele são, por um lado, as almas torturadas e, por outro, os seus demônios”.
Em sua obra magna, O mundo como vontade e representação (1818), Schopenhauer pretende demonstrar que o mundo sensível, em toda sua abundância e multiplicidade, é fruto da autodilaceração contínua de uma vontade única e essencial; que a eterna luta entre os indivíduos é a maneira dessa vontade se objetivar, reduplicando-se infinitamente numa miríade de seres particulares por meio daquilo que o filósofo denomina principium individuationis.
A vontade, por sua vez, objetiva-se no mundo porque precisa “dilacerar-se a si mesma, pois não existe nada fora dela e ela é uma vontade faminta”.
Desdobrando-se no mundo da efetividade, ela “crava os dentes em sua própria carne, sem saber que fere sempre apenas a si mesma […]. O torturador e o torturado são um”.
Disso segue que a satisfação das necessidades do indivíduo, a realização dos desejos particulares, tudo isso é temporário e ilusório: para Schopenhauer, o prazer é de fato apenas um momento negativo, no qual o querer é suspenso por alguns instantes, para logo ressurgir com a mesma intensidade, embora sob outra forma.
A condição essencial de todo ente é a carência e, por consequência, o sofrimento; a realidade sensível em sua totalidade é simples aparência, objetivação de uma ânsia insaciável cuja satisfação no indivíduo é sempre somente relativa e leva apenas à transformação da necessidade, mas jamais à sua extinção: a existência “oscila como um pêndulo para lá e para cá entre a dor e o tédio”.

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