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Os primeiros saberes de natureza epidemiológica estão relacionados ao reconhecimento, em escala populacional, das desigualdades no adoecer humano, tornando-se, no fim do século XVIII e início do XIX, potentes instrumentos da emancipação da ordem social capitalista. Modificações importantes aconteceram nesse campo quando esta nova ordem foi consolidada.
A trajetória que conduz, dos primeiros esboços de um saber objetivo sobre a relação da saúde com o “espaço público da sociedade burguesa”, à conformação da epidemiologia, nos moldes de uma ciência moderna, é a expressão do duplo processo de apreensão e negação de uma esfera propriamente pública de determinação do processo saúde-doença.
No presente trabalho, Argus Vasconcelos De Almeida, através de uma revisão bibliográfica das fontes históricas, analisou os surtos epidêmicos da Febre Amarela em Pernambuco no final do século XVII e meados do século XIX, no contexto da luta de classes entre os dominantes e dominados, analisando as suas determinações históricas e o papel da luta de classes no contexto histórico dos séculos XVII, XVIII e XIX.
No primeiro capítulo, o autor escreve sobre o primeiro surto de Febre Amarela na América do Sul, ocorrido em Pernambuco entre 1685 e 1695. Tendo como pontos de destaque: os pressupostos teóricos das doutrinas médicas da época; um histórico sobre o mosquito vetor da febre amarela (Aedes aegypti); os “bandos de saúde” de Montebelo no Recife (1691) e as origens da polícia médica em Pernambuco.
No segundo capítulo o autor trata do surto da Febre Amarela em Pernambuco no século XIX. Tendo como pontos mais importantes: A evolução do processo explicativo das epidemias; o segundo surto da Febre Amarela em Pernambuco em meados do século XIX e o contexto histórico-social da Febre Amarela em Pernambuco no século XIX.
Assim, através da leitura do presente trabalho, estamos convencidos que, em relação a Febre Amarela, depois do período de obscuridade com relação ao agente etiológico e vetor da doença, pode-se afirmar com segurança que os fatores epidemiológicos estão de forma irrefutável ligados às classes sociais, dado o atual estado de conhecimento sobre os fatores que determinam a doença.
Desta forma, podemos afirmar como médicos, que para compreender a Epidemiologia não é suficiente apenas conhecer seus levantamentos estatísticos, mas conhecer criticamente o seu contexto histórico-social.
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