Minha Aldeia Azul

Ao observar a obra de Erasmo Andrade, mesmo que seja um olhar furtuito, é inevitável a sensação simultânea de desconcerto, deslumbramento, encantamento.

Lembrando o que o artista catalão, Antoni Tàpies, escreveu se referindo à arte: “[...] quando o grande público encontra plena satisfação em determinadas formas artísticas, é porque essas formas já perderam toda a sua virulência. Onde não houver verdadeiro impacto, não haverá arte.
Quando a forma artística não é capaz de provocar o desconcerto no espírito do espectador e não o obriga a mudar de forma de pensar, não é atual”. Nesse sentido, a obra de Erasmo já nasceu quando ouve-se o murmúrio das cores 11 atual, seu mundo plástico nos obriga a mover-se de um lugar de conforto ou de razão cartesiana.
Somos arrastados por seus anjos bizantinos em ouro luz, corpos de homens/animais/mitos, cabeças femininas, masculinas, andróginas ou não, santas com vestes exóticas, enterros entre jogos de luz e sombra, jarros com flores de forma complexa, torres de igreja, bules sobre mesas, provocando em nós suaves desconcertos.
A atividade criadora de Erasmo compreende sempre obra e pensamento amalgamados, ele se coloca no mundo da mesma forma como se coloca na obra, num estético transbordamento da arte para a vida, da vida para a arte. Atitude essa que lembra o que um dia Duchamp escreveu: “Estou convicto que, tal como Alice no País das Maravilhas, o artista terá que atravessar o espelho da retina para alcançar uma expressão mais profunda”.
A sensação que tenho é que Erasmo já o fez em pleno voo estético tragado por seus anjos, porém com os pés fincados na terra de São Tomé. Por mais que eu me esforce aqui para 12 interpretar a obra, sabendo de antemão que toda interpretação é redutora e uma obra em si guarda recursos irredutíveis, não chegarei tão perto dos sentidos quanto à escrita do próprio artista.
Por essa razão, toda escrita, que acompanha as imagens aqui no livro, eu a selecionei de um texto de uma dissertação de mestrado, defendida em 2005, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pelo próprio artista. Assim, Erasmo nos guia – às vezes com estrelas nas mãos, às vezes com luzes, mesmo que às vezes com pedras, não importa as formas – à sua obra. E todas as formas nos levam as cores e assim podemos ouvi-las subitamente dentro das imagens.

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Quando a forma artística não é capaz de provocar o desconcerto no espírito do espectador e não o obriga a mudar de forma de pensar, não é atual”. Nesse sentido, a obra de Erasmo já nasceu quando ouve-se o murmúrio das cores 11 atual, seu mundo plástico nos obriga a mover-se de um lugar de conforto ou de razão cartesiana.
Somos arrastados por seus anjos bizantinos em ouro luz, corpos de homens/animais/mitos, cabeças femininas, masculinas, andróginas ou não, santas com vestes exóticas, enterros entre jogos de luz e sombra, jarros com flores de forma complexa, torres de igreja, bules sobre mesas, provocando em nós suaves desconcertos.
A atividade criadora de Erasmo compreende sempre obra e pensamento amalgamados, ele se coloca no mundo da mesma forma como se coloca na obra, num estético transbordamento da arte para a vida, da vida para a arte. Atitude essa que lembra o que um dia Duchamp escreveu: “Estou convicto que, tal como Alice no País das Maravilhas, o artista terá que atravessar o espelho da retina para alcançar uma expressão mais profunda”.
A sensação que tenho é que Erasmo já o fez em pleno voo estético tragado por seus anjos, porém com os pés fincados na terra de São Tomé. Por mais que eu me esforce aqui para 12 interpretar a obra, sabendo de antemão que toda interpretação é redutora e uma obra em si guarda recursos irredutíveis, não chegarei tão perto dos sentidos quanto à escrita do próprio artista.
Por essa razão, toda escrita, que acompanha as imagens aqui no livro, eu a selecionei de um texto de uma dissertação de mestrado, defendida em 2005, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pelo próprio artista. Assim, Erasmo nos guia – às vezes com estrelas nas mãos, às vezes com luzes, mesmo que às vezes com pedras, não importa as formas – à sua obra. E todas as formas nos levam as cores e assim podemos ouvi-las subitamente dentro das imagens.

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