Cinema E Outras Artes assume-se como uma coleção de livros que tem como linha programática reunir investigações dedicadas à intersecção dos Estudos Fílmicos com outras formas de expressão artística, numa constante revisitação da expressão Sétima Arte.
A coleção promove e divulga uma imensa produção de conhecimento que, por si, justifica a importância de um conjunto de livros cujo enfoque reflete, retrospetiva e prospetivamente, as ligações, de diálogo e inquietudes, entre as diferentes artes.
O primeiro volume, intitulado Cinema e Outras Artes I – Diálogos e Inquietudes Artísticas, é composto por um texto inaugural de Daniel-Henri Pageaux, seguindo-se dois capítulos temáticos.
O autor imprime uma cadência de pesquisa vinculada às relações do cinema com as outras artes, intersetando, no seu discurso, mutações fílmicas que decorrem de “sinestesias ou da aliança”.
No filme Tous les Matins du Monde (1991), de Alain Corneau, o autor encontra um campo particularmente frutífero para sistematizar a linha investigadora. Questionando o processo de adaptação romancista, invoca a intervenção de elementos musicais, plásticos e pictóricos para chegar a “uma poética da adaptação”.
A sua perfuração fílmica avança, assim, em múltiplos sentidos, extrapolando imbricações entre cinema e materialidades, jogos cromáticos, processos de composição e referências pictóricas, brilhando de toda a parte, a música, protagonista maior do filme.
O primeiro capítulo, com a designação Literatura e Poesia, dá conta da profícua e já longa relação entre o cinema e a arte da escrita. António Costa Valente compara dados do Plano Nacional de Cinema com os do Plano Nacional de Leitura, apontando a necessidade do primeiro se aproximar das linhas de trabalho do segundo.
Arte, Ciência e Filosofia é o título da segunda parte, que entendemos como um território onde claramente se manifestam diálogos e inquietudes artísticas entre o cinema e outras artes. António Júlio Rebelo explora confluências entre ética e estética, utilizando como referência o filme Os Filhos do Paraíso (1997), de Majid Majidi, para viabilizar as possibilidades de aproximação entre os dois conceitos.