
Enquanto O Sol Teima Em Brilhar, de Ana Santana B. Farias, tem muitos traços de um “romance de formação” (do alemão Bildungsroman), um tipo de livro mais profundo que normalmente parece ser.
Focado num protagonista jovem, essa modalidade de obra literária mostra as mudanças de personagens na sua formação ou na transição para a idade adulta.
Todos nós (inclusive os romancistas) já passamos ou passaremos pelos múltiplos dilemas dessa transição. A intenção literária é mostrar como pode ser difícil, desafiador e mesmo aterrador, sair da infância ou adolescência e “crescer”, chegar à idade adulta, colocando nossas crenças, sentimentos, expectativas e valores em cheque.
Os títulos dos capítulos de Enquanto O Sol Teima Em Brilhar já dão uma boa ideia do talento da autora; demonstram grande capacidade de síntese e muita sensibilidade poética.
A poesia aqui não é a dos versos, mas aquela da própria vida, que teima em perseverar apesar da seca ou de outras formas de violência (natural ou humana), e que insiste em traduzir a magnífica beleza das coisas simples, como o bater de asas de uma borboleta azul ou o poder mágico da flor do mandacaru, preciosa como a palavra pode ser nas páginas dos bons livros, ou nos ensinamentos orais dos mais sábios.
Tenho a impressão de que se eu disser mais estarei privando o leitor da experiência de descobrir por si mesmo o tesouro escondido na botija das imagens de Enquanto O Sol Teima Em Brilhar, e de percorrer com Ana Laura o caminho que leva ao alto da Serra da Cigarra, donde se enxerga um mundo onde o respeito e a amizade ao próximo ainda se difundem com o brilho forte dos raios do sol.
