A publicação de livros sobre Análise Comportamental Clínica tem crescido muito na última década. A história da Análise do Comportamento no Brasil demonstra a capacidade que nós, analistas do comportamento, temos demonstrado na condução e na organização de atividades acadêmicas, clínicas e sociais, determinando o crescimento da produção literária de alto nível. Contudo, não são muitos os livros que tratam de aspectos teóricos, contextualizados com estudos de casos, de forma tão bem-feita como este. Este livro representa uma boa amostra da produção da nossa área de conhecimento, sobretudo pela qualidade dos textos e pelo cuidado com o qual os autores tratam de tópicos fundamentais do processo terapêutico, tais como: relação terapeuta-cliente, habilidades terapêuticas, autocontrole, comunicação, aspectos filosóficos e culturais, entre outros.
Com certeza, vai possibilitar ao público especializado, tanto profissionais quanto estudantes, um acesso à maneira como um terapeuta comportamental atua na clínica, com exemplos de casos muito pertinentes e contextualizados.
Cabe a nós, terapeutas, identificar os fatores históricos e atuais responsáveis pelas “falhas” de nosso cliente, as consequências dessas falhas, os potenciais reforçadores para diversos comportamentos já existentes no repertório de tal indivíduo, assim como a necessidade de desenvolver novos comportamentos, complementando esse repertório. Diante de queixas diferenciadas, o presente livro busca, de forma despretensiosa, ilustrar alguns comportamentos emitidos por analistas clínicos do comportamento.
O termo “Análise Comportamental Clínica” foi escolhido sem pressupor ligação com alguma “corrente” da Terapia Comportamental. Visou-se apenas chamar a atenção para o fato de que, aqui, serão apresentados conceitos e casos clínicos tratados de um ponto de vista funcional, com análises sistêmicas (ou molares).
O objetivo dos capítulos não consiste em dar “receitas” de como intervir em casos clínicos nem apresentar técnicas específicas para transtornos específicos.
Para alguns autores, as expressões “Terapia Comportamental” e “Modificação do Comportamento” (aplicação de técnicas específicas para transtornos/sintomas específicos) são sinônimas, o que prejudica o entendimento de que a prática atual dos analistas do comportamento consiste em muito mais do que a mera aplicação de técnicas.