
Em 10 de agosto de 1632, cinco homens em mantos pretos reuniram-se num discreto palazzo romano na margem esquerda do rio Tibre. A indumentária marcava-os como membros da Companhia de Jesus, a principal ordem religiosa da época, e o mesmo ocorria com o local do encontro, o Collegio Romano, sede do extenso império de estudo dos jesuítas.
O líder dos cinco era o idoso padre alemão Jacob Bidermann, que obtivera fama como produtor de elaboradas apresentações teatrais sobre temas religiosos. Os outros são desconhecidos para nós, mas seus nomes – Rodriguez, Rosco, Alvarado e (possivelmente) Fordinus – os caracterizam como espanhóis e italianos, a exemplo de tantos que preenchiam as fileiras da Companhia.
Naquele tempo, esses homens eram quase tão anônimos quanto hoje, mas seu alto cargo, não: eles eram os “revisores gerais” da ordem, indicados pelo geral entre o corpo docente do Collegio. Sua missão: transmitir avaliações sobre as mais recentes ideias científicas e filosóficas da época.
O tópico levado perante os revisores gerais naquele dia de verão de 1632 parecia estar longe das grandes questões que abalavam os alicerces intelectuais da Europa.
Enquanto a apenas algumas milhas de distância Galileu era denunciado (e posteriormente condenado) por advogar o movimento da Terra, o padre Bidermann e seus colegas preocupavam-se com uma questão técnica, até insignificante.
Deviam se pronunciar sobre a doutrina (proposta por um anônimo “professor de filosofia”) que tratava do tema da “composição do continuum por indivisíveis”.
Uma batalha de vida ou morte, com muito mais em jogo do que um obscuro conceito matemático.
Infinitesimal celebra o espírito de descoberta e de realização intelectual por trás da teoria que se tornaria o alicerce do cálculo e da matemática moderna, mudando para sempre o modo de olharmos para uma simples reta.
Tal como um thriller, Amir Alexander revive esse capítulo fundamental da história da ciência e conta como uma discórdia em relação a um conceito matemático deu início a uma violenta disputa, cujas implicações ultrapassariam as fronteiras científicas.
Estavam em jogo não só a legitimidade de papas e reis, mas a liberdade humana e o progresso do conhecimento. A alma do mundo moderno dependia dos infinitesimais.

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