
Para acompanhar a trajetória de João Cândido fui obrigado a tecer caminhos extensos e a testar diversos limites, arriscando-me a entrar numa viagem sem fim. Daí traçar o mapa desta trajetória, seguindo três critérios fundamentais: respeitar o limite das páginas da coleção, selecionar por quais ruas eu perseguiria João Cândido (ele percorreu o mundo!) e escrever uma história contada – “guardei” as ferramentas teóricas e metodológicas nas notas.
Me esforcei bastante para isso, com algumas freadas bruscas, vez ou outra. Faz parte!
Enquanto pesquisava vinha aquela vontade de conhecer tudo de João Cândido, destacando sua liderança na Revolta dos Marinheiros, em 1910, quando ameaçou bombardear a então Capital Federal da República, a cidade do Rio de Janeiro.
Para isso, havia de investigar os problemas que lhe apareciam no processo histórico que extinguiu legalmente o trabalho de escravizados e escravizadas, os enfrentamentos diários nos postos de trabalho exercidos, suas crenças religiosas, as festividades preferidas, sua atuação política, os gostos musicais, a vida familiar e afetiva. Caberia tudo isso nas páginas que se seguem? A resposta é não.
Uma investigação desta envergadura, a partir dos instrumentos teóricos e metodológicos da historiografia, me exigiria mais alguns anos de investigação e ultrapassaria a quantidade de páginas acordadas para esta coleção. Daí a difícil tarefa de efetuar recortes capazes de melhor exprimir João Cândido. Pesquisei processos criminais, imprensa, livros de memórias, relatórios ministeriais, biografias, discursos parlamentares e teses e dissertações acadêmicas brasileiras e internacionais.
Caros leitores e leitoras, investiguei e escrevi sobre a figura pública mais famosa da Marinha de Guerra no século XX e nos tempos atuais. Persegui sua história desde quando fora mais um entre tantos outros negros. E tornou-se o líder da Revolta da Chibata, em 1910, por sua longa experiência de quinze anos exercendo funções de marinheiro pelos mares do mundo.
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