
Desde que os estudos linguísticos foram reconhecidos como científicos, a partir do trabalho seminal de Saussure (1916), as investigações sobre a língua(gem) ganharam fôlego e, gradativamente, os fenômenos linguísticos passaram a ser investigados não apenas sob perspectivas teóricas distintas, mas também à luz de abordagens interdisciplinares.
Nesse cenário, emergem, no final da década de 1950, estudos em ciências cognitivas como uma forma de resistência à supremacia da corrente behaviorista e, na década seguinte, investigações acerca da relação entre mente e linguagem tornam-se o fulcro do programa de pesquisa dos gerativistas. É, contudo, apenas nos anos finais da década de 1970 e início de 1980, que surge a Linguística Cognitiva, opondo-se aos dois principais paradigmas linguísticos do século XX – estruturalismo e gerativismo – e buscando tanto explicar os fenômenos da língua em termos semânticos e funcionais, quanto entender a contribuição da língua(gem) para o conhecimento do mundo.
Estava inaugurada, pois, uma perspectiva de estudo da língua(gem) que dialoga estreitamente com outras ciências cognitivas das quais incorpora questões epistemológicas e empíricas e com as quais contribui para o estudo da cognição humana. No campo específico da análise linguística, as diversas pesquisas empreendidas segundo essa orientação conceitual têm-se voltado não apenas para a descrição teórica, como também para a investigação de fenômenos gramaticais, pragmáticos e para processos clínicos e patológicos.
Esta coletânea, que reúne pesquisadores das mais diversas universidades do país, visa a contribuir com as pesquisas que integram linguagem e cognição, na medida em que congrega textos cujo escopo volta-se para discussões teóricas e aplicadas.
