Abrigo Ou Casa?

Desconheço escola ou instituição educativa que tem a intenção de formar sujeitos acríticos, submissos ou heterônomos. Pelo contrário, encontra-se presente o mesmo discurso e ideal de autonomia e ética em todas elas.

Esses ideais também estão presentes no Abrigo Institucional em que a pesquisa relatada nesse livro foi realizada. Contudo, no cotidiano, esse Abrigo, assim como outros, enfrentava muitas dificuldades nas relações, na organização, funcionamento e estrutura que pareciam indicar que, apesar das boas intenções, favorecer a construção da moralidade no cotidiano de uma entidade educativa é algo muito complexo.
Antes de focarmos especificamente essa instituição, vale a pena dirigir nossos olhares para o peril das crianças e adolescentes encontrados em abrigos realizado por Silva. Esse estudo mostra que a maioria são meninos entre as idades de 7 a 15 anos, negros e pobres. Os principais motivos apontados para o abrigamento são a carência de recursos materiais da família; abandono pelos pais ou responsáveis e vivência de rua e exploração no trabalho infantil, tráfico ou mendicância. Mais de 80% das crianças e adolescentes abrigados têm família, sendo que a maior parte delas mantém vínculo com seus familiares. Apenas uma minoria das crianças encontradas nos abrigos, estava judicialmente em condição de ser adotada. Em relação ao tempo de permanência, metade das crianças e dos adolescentes vivia nas instituições há mais de dois anos, o que é um tempo considerado demasiadamente longo, sobretudo quando se considera o caráter de provisoriedade da medida de abrigo.
As crianças abrigadas são excluídas da convivência com suas famílias, o que acarreta um sofrimento decorrente da ruptura na filiação primeva e em suas histórias de vida: “flutuam entre vinculações efêmeras, sem referências de seu passado e sem pontos fixos e sólidos para seu assentamento no presente que lhes possam servir de guia ou de novas filiações”. Sofrem continuamente a dor da separação e insegurança quanto ao futuro. Estão assim em “condição de trânsito e passagem na qual vive, impeditiva de constituições de vínculos duradouros e sólidos que permitam uma suficiente estabilidade e segurança para a prospecção do mundo”.

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Desconheço escola ou instituição educativa que tem a intenção de formar sujeitos acríticos, submissos ou heterônomos. Pelo contrário, encontra-se presente o mesmo discurso e ideal de autonomia e ética em todas elas. Esses ideais também estão presentes no Abrigo Institucional em que a pesquisa relatada nesse livro foi realizada. Contudo, no cotidiano, esse Abrigo, assim como outros, enfrentava muitas dificuldades nas relações, na organização, funcionamento e estrutura que pareciam indicar que, apesar das boas intenções, favorecer a construção da moralidade no cotidiano de uma entidade educativa é algo muito complexo.
Antes de focarmos especificamente essa instituição, vale a pena dirigir nossos olhares para o peril das crianças e adolescentes encontrados em abrigos realizado por Silva. Esse estudo mostra que a maioria são meninos entre as idades de 7 a 15 anos, negros e pobres. Os principais motivos apontados para o abrigamento são a carência de recursos materiais da família; abandono pelos pais ou responsáveis e vivência de rua e exploração no trabalho infantil, tráfico ou mendicância. Mais de 80% das crianças e adolescentes abrigados têm família, sendo que a maior parte delas mantém vínculo com seus familiares. Apenas uma minoria das crianças encontradas nos abrigos, estava judicialmente em condição de ser adotada. Em relação ao tempo de permanência, metade das crianças e dos adolescentes vivia nas instituições há mais de dois anos, o que é um tempo considerado demasiadamente longo, sobretudo quando se considera o caráter de provisoriedade da medida de abrigo.
As crianças abrigadas são excluídas da convivência com suas famílias, o que acarreta um sofrimento decorrente da ruptura na filiação primeva e em suas histórias de vida: “flutuam entre vinculações efêmeras, sem referências de seu passado e sem pontos fixos e sólidos para seu assentamento no presente que lhes possam servir de guia ou de novas filiações”. Sofrem continuamente a dor da separação e insegurança quanto ao futuro. Estão assim em “condição de trânsito e passagem na qual vive, impeditiva de constituições de vínculos duradouros e sólidos que permitam uma suficiente estabilidade e segurança para a prospecção do mundo”.

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