
A proposta de educação difundida pelos anarquistas, atualmente, é estudada pelos historiadores, seja pela renovação metodológica ou pelo desenvolvimento de arquivos e acervos que possibilitam o fácil acesso a documentos, antes sem destaque na produção acadêmica.
Os anarquistas do início do século XX, na Primeira República brasileira, foram bastante influenciados pela metodologia de ensino racionalista e buscaram difundi-lo no interior do movimento operário a partir das escolas e, sobretudo, marcaram presença nos sindicatos e sociedades operárias.
Tanto para a História Social quanto para a História da Educação percebe-se um avanço nos estudos sobre o ensino difundido por esses grupos.
A partir da concepção racionalista buscava-se a emancipação de todos os seres humanos, governados apenas pela razão e uma sociedade baseada fundamentalmente na liberdade plena, para que o ser humano pudesse desenvolver todas as suas capacidades e potencialidades.
O movimento anarquista defendia o desenvolvimento completo do homem e, por isso, a ênfase também na educação informal e tinha como proposta principal levar o trabalhador à formação integral e à consciência de classe.
A educação informal ocorria nos diversos espaços do cotidiano, poderia estar presenta na greve, na boicotagem, na sabotagem, nas manifestações espontâneas dos trabalhadores.
Corroborando com tal ideal, Adelino defendia que “O saber não implica, de maneira nenhuma, uma tabuleta para assoalhar, o pregoar, o publicar. Além de que, há muitas coisas que depõem contra os exames e os diplomas”.
Em muitos casos, pode o que sabe menos ser o privilegiado em detrimento de quem estava mais adiantado. E isto dá-se frequentemente, já por questões de favoritismo, de compadrio ou de polícia; já por questões que se prendem com o temperamento das crianças.
A visão dos anarquistas sobre os exames parte de uma crítica mais ampla ao ensino “burguês” que visava a formação de “burocratas”. O “saber fazer” era exaltado sempre pelos textos anarquistas.
O ensino racionalista, defendido por Adelino visava ampliar o conhecimento a partir do ensino integral, pensava que o Homem, como sinônimo de humanidade, deveria viver em reciprocidade com a natureza, e estar apto tanto para conhecer, mas também para agir, e afirmava que “Toda educação que não prepara a criança para esse duplo papel, que não tende a fazer dela ao mesmo tempo um trabalhador, no mais largo sentido da palavra, um ser inteligente e um ser ativo, é uma educação incompleta e estéril”.
Adelino escreve que a prática educativa não deveria fazer “nada por rivalidade ou vangloria. A educação deve ser livre e acessível a todos, mas nunca compulsiva. Nada, pois, merece recompensa ou elogios, mas se havê-los, deveria ser para o esforço, não para o resultado”.
Tal percepção visava fazer com que a criança desenvolvesse seu espírito crítico e sua autonomia, e nunca submissão e o silêncio. Pode-se observar também, a preocupação dos líderes anarquistas com a moral dos trabalhadores e de seus filhos.
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