![Em Quem Não Trabalha Não Come, Adelino De Pinho comenta a atitude do governo soviético em relação ao trabalho, que o autor achava revolucionária.](https://i0.wp.com/livrandante.com.br/wp-content/uploads/2019/02/quem-n%C3%A3o-trabalha-n%C3%A3o-come.jpg?w=800&ssl=1)
“Quem Não Trabalha Não Come “, eis a formula breve e sintética, concisa precisa, clara e luminosa que define e resume a moderna concepção social do operariado e que calou fundamente na consciência de todos os trabalhadores como a expressão duma verdade há muito pressentida e procurada, mas que só agora se concretizou dum modo claro e definitivo pela justiça que encerra, pela verdade que exprime e pela oportunidade em que caiu em meio às massas populares, neste momento de febre e de lutas em que elas se aprestam e preparam para dar o assalto definitivo às instituições seculares de domínio e de compressão, que as esmagam sob o peso de todas as maldades imagináveis e de todas as injustiças e ingratidões concebíveis.
Foram precisos séculos de dores e desditas, de escravidão e misérias incontáveis para que esta verdade simples e elementar de que quem não
trabalha não tem direito à vida, nem às comodidades provenientes do trabalho e do esforço dos seus semelhantes, se tornasse compreensível bastante, recebesse luz intensa, suficiente a abrir todos os olhos, a esclarecer todas as inteligências iluminar todos os entendimentos até os mais rudes, atrasados e obtusos.
Havia, é certo, um velho aforismo latino e que foi transplantado para a língua portuguesa na sua tradução literal de que “quem não trabuca não manduca”, mas a inconsciência popular era tanta que até as verdades mais evidentes não eram sentidas nem compreendidas, servindo até muitas vezes de arma para os burgueses e as classes detentoras da riqueza social, escarnecerem e chasquearem dos próprios trabalhadores porque as almas simples e cordatas sempre serviram de mofa e irrisão á injustiça e imoralidade dos ricos e dos bem acomodados.
Já S. Paulo: o apóstolo do cristianismo, a quem os positivistas consideram com justa razão, o fundador daquela religião, afirmava: “Aquele que não quer trabalhar não deve comer” e ele vangloriava-se de trabalhar com os próprios braços para não ser pesado ao seu semelhante.
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