O Espetáculo Das Raças: Cientistas, Instituições E Questão Racial No Brasil (1870-1930)

Em finais do século passado o Brasil era apontado como um caso único e singular de extremada miscigenação racial. Um “festival de cores” na opinião de certos viajantes europeus, uma “sociedade de raças cruzadas” na visão de vários intelectuais nacionais

; de fato, era como uma nação multiétnica que o país era recorrentemente representado.
Não são poucos os exemplos que nos falam sobre esse “espetáculo brasileiro da miscigenação”. “Formamos um paiz mestiço … somos mestiços se não no sangue ao menos na alma”, definia o crítico literário Silvio Romero, da Escola de Recife, ao comentar “a composição étnica e antropologicamente singular” da população brasileira.
Como representante de “um típico pais miscigenado” é que João Batista Lacerda, então diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, era convidado a participar do I Congresso Internacional das Raças, realizado em julho de 1911. A tese apresentada — “Sur les métis au Brèsil” — era clara e direta: “o Brasil mestiço de hoje tem no branqueamento em um século sua perspectiva, saída e solução”.
O ensaio, já em si contundente, trazia na abertura a reprodução de um quadro de M. Brocos, artista da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, acompanhado da seguinte legenda: “Le nègre passant au blanc, à la troisième génération, par l’effet du croisement des races”.  O autor reconstruia, por meio de imagens, não só argumentos como perspectivas de época. O país era descrito como uma nação composta por raças miscigenadas, porém em transição.
Essas, passando por um processo acelerado de cruzamento, e depuradas mediante uma seleção natural (ou quiçá milagrosa), levariam a supor que o Brasil seria, algum dia, branco.Essa “visão mestiça” e singular do país não ficava restrita, porém, aos circuitos internos de debate.
Estava presente na imagem que externamente se veiculava e em especial na interpretação dos vários naturalistas que ao longo do século XIX por aqui passaram à procura de espécimes raros da flora e da fauna, e se depararam com o espetáculo dos homens e da mistura de raças.

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Não são poucos os exemplos que nos falam sobre esse “espetáculo brasileiro da miscigenação”. “Formamos um paiz mestiço … somos mestiços se não no sangue ao menos na alma”, definia o crítico literário Silvio Romero, da Escola de Recife, ao comentar “a composição étnica e antropologicamente singular” da população brasileira.
Como representante de “um típico pais miscigenado” é que João Batista Lacerda, então diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, era convidado a participar do I Congresso Internacional das Raças, realizado em julho de 1911. A tese apresentada — “Sur les métis au Brèsil” — era clara e direta: “o Brasil mestiço de hoje tem no branqueamento em um século sua perspectiva, saída e solução”.
O ensaio, já em si contundente, trazia na abertura a reprodução de um quadro de M. Brocos, artista da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, acompanhado da seguinte legenda: “Le nègre passant au blanc, à la troisième génération, par l’effet du croisement des races”.  O autor reconstruia, por meio de imagens, não só argumentos como perspectivas de época. O país era descrito como uma nação composta por raças miscigenadas, porém em transição.
Essas, passando por um processo acelerado de cruzamento, e depuradas mediante uma seleção natural (ou quiçá milagrosa), levariam a supor que o Brasil seria, algum dia, branco.Essa “visão mestiça” e singular do país não ficava restrita, porém, aos circuitos internos de debate.
Estava presente na imagem que externamente se veiculava e em especial na interpretação dos vários naturalistas que ao longo do século XIX por aqui passaram à procura de espécimes raros da flora e da fauna, e se depararam com o espetáculo dos homens e da mistura de raças.

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