
Encontramo-nos, no decorrer do século XXI, numa fase muito complexa do ponto de vista cultural, turístico e mediático, na qual interagem vários agentes, destacando os destinos turísticos, cada vez mais diversificados e concorrentes entre si, e os turistas, cuja capacidade para decidir a oferta mais adequada aos seus interesses está diretamente relacionada com o acesso quase ilimitado à informação.
Este acesso, de facto, é favorecido e potenciado pelos novos meios e pelas TIC’s, que seriam o terceiro e mais recente elemento da equação.
Esta monografia, intitulada Cultura, Património e Turismo na Sociedade Digital (Vol. 2): Diálogos Interdisciplinares, é constituída por oito contributos de académicos filiados em instituições de ensino superior do âmbito ibérico, relativos às áreas da Comunicação, do Marketing, das Ciências da Cultura e do Turismo.
Contudo, os núcleos problemáticos suscitados por esses textos estão intimamente ligados entre si: o turismo e a cultura, o turismo e os meios sociais, o poder do utilizador, a motivação turística e, finalmente, a sustentabilidade e o “sobreturismo”.
No que se refere ao turismo, e como procurámos argumentar na Introdução do livro referente às I Jornadas Ibéricas: Cultura, Património e Turismo na Sociedade Digital, todo o turismo tem vindo a tornar-se cultural, no sentido em que aquilo que o turista procura, no local de destino, é experienciar toda uma forma de vida, composta por múltiplos elementos culturais, inseparáveis uns dos outros e que só ganham sentido uns em relação aos outros.
Essa motivação para experienciar outras culturas leva mesmo todo um conjunto de turistas, sobretudos os mais jovens, a fixar-se por períodos mais ou menos longos nos locais de destino, assegurando aí meios de sobrevivência, fazendo amigos, etc.
Mas, se assim é, então a própria designação “turismo cultural” – um turismo supostamente dirigido à “cultura”, como se esta fosse algo separado ou separável de todo o resto da vida de uma comunidade – está posta em causa e deve ser objeto de reflexão.
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