A Biblioteca

Umberto Eco - A Biblioteca

Santuário da cultura, relicario cioso e protetor do pensamento humano, baluarte sacrossanto da civilização, grande cloaca do conhecimento, deve a biblioteca ser uma torre de marfim onde o livro é preservado da passagem dos séculos e das mãos dos homens ou abrir-se como um fruto maduro aos seus olhos, à sua inteligência e à sua cobiça?

O instinto protetor e o prazer da descoberta. Os livros que se continuam a fazer e o destino que os espera face à crescente computorização do mundo atual.

O livro como objeto de consumo em confronto com a vertigem das fotocópias. Que iremos nós ler nas próximas décadas? Que função terá a biblioteca no futuro?

Eis algumas das questões sobre as quais Umberto Eco reflete, deixando-nos o prazer de com ele saborearmos alguns momentos ideais numa biblioteca ideal e também de encontrarmos na sua ironia mordaz muito daquilo que todos nós já alguma vez desejámos criticar nas bibliotecas que conhecemos.

Um dos mal-entendidos que dominam a noção de biblioteca é o fato de se pensar que se vai à biblioteca pedir um livro cujo título se conhece.

Na verdade acontece muitas vezes ir-se à biblioteca porque se quer um livro cujo título se conhece, mas a principal função da biblioteca, pelo menos a função da biblioteca da minha casa ou da de qualquer amigo que possamos ir visitar, é de descobrir livros de cuja existência não se suspeitava e que, todavia, se revelam extremamente importantes para nós.

A função ideal de uma biblioteca é de ser um pouco como a loja de um alfarrabista, algo onde se podem fazer verdadeiros achados, e esta função só pode ser permitida por meio do livre acesso aos corredores das estantes.

Se a biblioteca é, como pretende Borges, um modelo do Universo, tentemos transformá-la num universo à medida do homem e, volto a recordar, à medida do homem quer também dizer alegre, com a possibilidade de se tomar um café, com a
possibilidade de dois estudantes numa tarde se sentarem num maple e, não digo de se entregarem a um amplexo indecente, mas de consumarem parte do seu flirt na biblioteca, enquanto retiram ou voltam a pôr nas estantes alguns livros de interesse científico, isto é, uma biblioteca onde apeteça ir, e que se vá transformando gradualmente numa grande máquina de tempos livres.

 

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Umberto Eco – A Biblioteca

Santuário da cultura, relicario cioso e protetor do pensamento humano, baluarte sacrossanto da civilização, grande cloaca do conhecimento, deve a biblioteca ser uma torre de marfim onde o livro é preservado da passagem dos séculos e das mãos dos homens ou abrir-se como um fruto maduro aos seus olhos, à sua inteligência e à sua cobiça?

O instinto protetor e o prazer da descoberta. Os livros que se continuam a fazer e o destino que os espera face à crescente computorização do mundo atual.

O livro como objeto de consumo em confronto com a vertigem das fotocópias. Que iremos nós ler nas próximas décadas? Que função terá a biblioteca no futuro?

Eis algumas das questões sobre as quais Umberto Eco reflete, deixando-nos o prazer de com ele saborearmos alguns momentos ideais numa biblioteca ideal e também de encontrarmos na sua ironia mordaz muito daquilo que todos nós já alguma vez desejámos criticar nas bibliotecas que conhecemos.

Um dos mal-entendidos que dominam a noção de biblioteca é o fato de se pensar que se vai à biblioteca pedir um livro cujo título se conhece.

Na verdade acontece muitas vezes ir-se à biblioteca porque se quer um livro cujo título se conhece, mas a principal função da biblioteca, pelo menos a função da biblioteca da minha casa ou da de qualquer amigo que possamos ir visitar, é de descobrir livros de cuja existência não se suspeitava e que, todavia, se revelam extremamente importantes para nós.

A função ideal de uma biblioteca é de ser um pouco como a loja de um alfarrabista, algo onde se podem fazer verdadeiros achados, e esta função só pode ser permitida por meio do livre acesso aos corredores das estantes.

Se a biblioteca é, como pretende Borges, um modelo do Universo, tentemos transformá-la num universo à medida do homem e, volto a recordar, à medida do homem quer também dizer alegre, com a possibilidade de se tomar um café, com a
possibilidade de dois estudantes numa tarde se sentarem num maple e, não digo de se entregarem a um amplexo indecente, mas de consumarem parte do seu flirt na biblioteca, enquanto retiram ou voltam a pôr nas estantes alguns livros de interesse científico, isto é, uma biblioteca onde apeteça ir, e que se vá transformando gradualmente numa grande máquina de tempos livres.

 

https://livrandante.com.br/contribuicao/caneca-forrozim-branca/

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