O Substituto

 O título original expõe de forma rápida toda a problemática do filme e dos seus personagens, o que não aparece refletido na tradução ao português. A palavra inglesa “detachment” pode ser traduzida como ”desapego” ou “distanciamento”, mas também “indiferença”. Isso é o que o filme retrata, de forma diversa, positiva e negativamente. O protagonista, um professor que somente faz substituições sem nunca assumir uma vaga fixa, vive carregando uma história familiar tortuosa que não acaba de assimilar. Chamado para realizar uma substituição em uma escola em um estado completo de caos, encontrará professores/as que não sentem apego nenhum pela sua profissão, estudantes desencantados e aborrecidos da vida antes mesmo de começá-la, adolescentes à procura de adultos em quem confiar e com os quais substituir pais negligentes ou ausentes. Durante somente três semanas o professor substituto (Henry Barthes) deverá enfrentar a doença (Alzheimer) e morte do avô, com quem viveu uma terrível história familiar; a vida de uma adolescente prostituta e maltratada, que acabará hospedando na sua casa; alunos violentos e sem perspectiva de futuro, outros com uma carga incrível de sofrimento e carentes do mais básico; professores/as que ainda tentam fazer o seu melhor com alunos/as que não estão para nada interessados em estudar, enquanto outros, carregando histórias pessoais trágicas, afundam na angústia e na depressão. O filme começa com uma epígrafe do grande Albert Camus: “E eu nunca me senti tão imerso e ao mesmo tempo tão desapegado de mim e tão presente no mundo”. Essa é a situação pessoal do protagonista. Talvez o único professor, de quantos o filme mostra, realmente interessado em educar seus alunos e não somente em transmitir conhecimentos. Um professor que tenta chegar ao centro da tempestade que os adolescentes vivem, questionando o que a sociedade lhes oferece como via única para suas vidas, descortinando os dramas que ocultam, denunciando a manipulação latente que sofrem.Leia mais...

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