Robert Kurz analisa, de forma arguta, os fatos que levaram à derrocada dos países socialistas, fornecendo um novo arsenal de ideias para a compreensão de tão importante fenômeno.
Segundo o autor, esse movimento representaria o início da crise do próprio sistema capitalista. É o impasse em que o sistema capitalista encontra-se que o autor pretende. de forma arguta. analisar.
O autor de O Colapso Da Modernização anuncia para breve, nada mais, nada menos, do que o fim deste mundo. Na verdade, fim do mundo e da modernidade historicamente erigidos pelo que ele chama de “sistema produtor de mercadorias baseado no trabalho abstrato”.
A obra de Kurz não trata propriamente de assuntos novos. O colapso do capitalismo, por exemplo, foi um dos temas mais debatidos pelos marxistas, desde o final do século passado até, pelo menos, a década de 1970. Nem mesmo é novo o enfoque pelo qual ele aborda a derrocada dos países do Leste Europeu, considerando-os como “capitalistas de Estado”.
Original foi o momento que ele escolheu – pouco depois da derrubada do muro de Berlim e do anúncio do “fim da História” e da “vitória definitiva do neoliberalismo” – para lançar O Colapso Da Modernização contendo três previsões que não deixam de ser surpreendentes.
A primeira: o futuro dos países antes chamados socialistas não é suposta bonança dos países capitalistas centrais, mas a miséria do Terceiro Mundo. A segunda: os países capitalistas centrais serão os próximos a ser atingidos pela mesma catástrofe responsável pela derrocada do Leste. A terceira: o que está em crise, e a caminho da derrocada final, é o capitalismo como sistema mundial.
O qual deverá ser substituído por um sistema econômico cuja lógica não mais será a produção de mercadorias baseada na exploração do “trabalho abstrato”: o comunismo.
Embora, as suas principais teses sobre o colapso do capitalismo estejam baseadas na teoria do trabalho abstrato de Marx, ele próprio faz questão de rejeitar a teoria da luta de classes.
Para o autor alemão, o movimento operário estaria prisioneiro da ideia de que as classes foram ontologicamente criadas, ideia esta derivada da razão subjetiva da burguesia iluminista, sendo assim, incompatível com a própria crítica que Marx faz da economia política. Afirma ele:
“Sem dúvida, revela-se aqui um dilema até hoje insuperado no centro da teoria de Marx. A afirmação do movimento operário, por parte de Marx, que nas expressões de movimento dos ‘trabalhadores’, ‘posição do trabalhador’, ‘posição de classe’ etc. atravessa toda sua obra, é na verdade inconciliável com sua própria crítica da economia política, que desmascara precisamente aquela classe trabalhadora não como categoria ontológica, mas sim como categoria social constituída, por sua vez, pelo capital”.