Diálogo Sobre O Amor & Relatos De Amor

Não estaremos longe da verdade se começarmos por afirmar que, do vasto conjunto dos tratados que integram os Moralia, o Diálogo sobre o Amor – essa a versão portuguesa que considerámos preferível para o grego Erotikos [Logos] – se afigura como um dos mais ricos e representativos do pensamento e da técnica literária de Plutarco.


No que à sua datação diz respeito, contamos com um dado interno inestimável, na medida em que ele nos fornece um terminus post quem relativamente seguro. Com efeito, a referência à extinção da dinastia Flávia (771C) como um evento recente, o que sabemos ter ocorrido em 96 d.C., não permite que a data de composição recue além desse ano, pelo que autores como R. Flacelière (1980: 7‑11) consideraram que o diálogo deva datar de uma ou duas décadas depois desse marco. Com efeito, pensa‑se que a vida de Plutarco se terá prolongado até cerca de 127 d.C., e será algures neste lapso de tempo, entre 96 e 127 – período de uma maturidade literária e filosófica notável – que há que situar o texto. R. Flacelière, consciente do terreno movediço em que assenta a sua teoria, considera que o diálogo data mesmo dos últimos anos de vida de Plutarco, baseando‑se, para tal afirmação, nas inúmeras proximidades – formais e morais – com o diálogo Sobre os Oráculos da Pítia (394D‑409D). E assim avança com o lapso temporal de 115‑125 d.C., que, sem certezas absolutas, tem parecido bastante aceitável a grande parte dos estudiosos.
Mesmo para um diálogo como este houve quem duvidasse da sua autenticidade. Com efeito, Hirzel assegurava que a obra não poderia ser atribuída a Plutarco, sustentando esta afirmação no facto de o Eros apresentado não ter o carácter de um génio (daimon), à maneira de Platão. Como se Plutarco não pudesse, autonomamente e de pleno direito, sustentar uma postura não totalmente coincidente com a filosofia platónica.
A este respeito, R. Flacelière duvida que tenha sido essa a única razão que levou Hirzel a desconfiar da autenticidade, conjecturando que, veladamente, esse autor concordaria com a tese de E. Graf, para quem o diálogo teria sido escrito pelo próprio Autobulo, filho de Plutarco.

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No que à sua datação diz respeito, contamos com um dado interno inestimável, na medida em que ele nos fornece um terminus post quem relativamente seguro. Com efeito, a referência à extinção da dinastia Flávia (771C) como um evento recente, o que sabemos ter ocorrido em 96 d.C., não permite que a data de composição recue além desse ano, pelo que autores como R. Flacelière (1980: 7‑11) consideraram que o diálogo deva datar de uma ou duas décadas depois desse marco. Com efeito, pensa‑se que a vida de Plutarco se terá prolongado até cerca de 127 d.C., e será algures neste lapso de tempo, entre 96 e 127 – período de uma maturidade literária e filosófica notável – que há que situar o texto. R. Flacelière, consciente do terreno movediço em que assenta a sua teoria, considera que o diálogo data mesmo dos últimos anos de vida de Plutarco, baseando‑se, para tal afirmação, nas inúmeras proximidades – formais e morais – com o diálogo Sobre os Oráculos da Pítia (394D‑409D). E assim avança com o lapso temporal de 115‑125 d.C., que, sem certezas absolutas, tem parecido bastante aceitável a grande parte dos estudiosos.
Mesmo para um diálogo como este houve quem duvidasse da sua autenticidade. Com efeito, Hirzel assegurava que a obra não poderia ser atribuída a Plutarco, sustentando esta afirmação no facto de o Eros apresentado não ter o carácter de um génio (daimon), à maneira de Platão. Como se Plutarco não pudesse, autonomamente e de pleno direito, sustentar uma postura não totalmente coincidente com a filosofia platónica.
A este respeito, R. Flacelière duvida que tenha sido essa a única razão que levou Hirzel a desconfiar da autenticidade, conjecturando que, veladamente, esse autor concordaria com a tese de E. Graf, para quem o diálogo teria sido escrito pelo próprio Autobulo, filho de Plutarco.

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